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Imagem: Les Faneuses à Ville d'Avray (Corot)
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Imagem: Les Faneuses à Ville d'Avray (Corot)

Luís Araujo Pereira em Espirais Professor e escritor | Publicado em 23 de agosto de 2016

Luís Araujo Pereira
Professor e escritor
23/08/2016 em Espirais

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A beleza como felicidade

Ora mais, ora menos, eu tropecei tantas vezes nas pedras que o Destino atirou em meu caminho que me perguntei, um dia, se eu seria o cão danado da vez. Evidentemente, não se tratava de algo premeditado, como se os deuses sofressem de desatinos e quisessem aplicar-me rasteiras implacáveis. Mas, quando parecia que eu seria esmagado, eis que a literatura e a música me estenderam mãos repletas de signos, convidando-me à vida e ao prazer estético.

Que não me julguem mal os amigos psicanalistas, mas esta é a única terapia que funciona comigo: ler e ouvir música, sem hora para começar ou para terminar.  Não que eu seja dono de uma tristeza crepuscular ou tenha uma depressão para a qual não haja remédio, embora saiba que a leitura e a música sejam a minha saúde mental, para o que der e vier, todos os dias.  Explicando de outra perspectiva: se você é filho de Obaluaiê, os seus passos estão protegidos, o seu corpo fechado e a cabeça tranquila. É por isso que saúdo aqui o meu orixá:

“Atotô, meu pai!”

Há muitos anos, o que segura a minha barra não é o Prozac, mas a Arte, pelas suas funções indispensáveis, pelo apaziguamento que oferece, pelo distúrbio que causa e pela curiosidade que cega. As sinfonias, os concertos, o jazz, o blues, o rock e a MPB sempre ampararam a minha alma e, por isso, não caio em pisos escorregadios nem levo mais lenha do que possa carregar. Como é bom dizer: não há azar que me faça esquecer a sorte.

“Há muitos anos, o que segura a minha barra não é o Prozac, mas a Arte, pelas suas funções indispensáveis, pelo apaziguamento que oferece, pelo distúrbio que causa e pela curiosidade que cega”

Se não por todas as magníficas telas do Renascimento, do Barroco, do Romantismo e do Modernismo, que seja então pelas imagens que o cinema nos legou em filmes que nos perturbam pelo seu realismo ou nos encantam pela sua alegria, anormalidade, fantasia e inteligência. A visão de uma tela de Velázquez, de Caravaggio e de Corot é tão valiosa quanto os fotogramas de Eric Rohmer, Kurosawa, John Ford, Fellini, Béla Tarr.

Por causa dos estetas, a vida é suportável, apesar de tudo. Eu lhes devo a maior parte da minha vida −  e não sei como recompensá-los −,  na minha vã luta contra o tédio, o dégoût que infecciona e destrói a alegria e a felicidade de viver.

A Arte −  a grande Arte −  que, nos meus encontros com as interpretações de Paul Desmond, Hodges, Coltrane, Chet Baker, Miles Davis, Coleman Hawkins e com o canto de Billie Holiday e Ella Fitzgerald, os quais sempre entonaram a melodia dos meus dias vazios −  essas vozes do inescrutável jazz. Estes aí não são, entretanto, músicos − são  lendas.

Arte que está inscrita no tempo em que, no sul dos Estados Unidos, havia a vasta e impiedosa lavoura de algodão.

Em outro lugar, Arte repleta de melodias belísimas, nuances, ritmos e sotaques, que Ismael Silva, Cartola, Aniceto do Império, Noel Rosa, Caymmi, Paulinho da Viola, Tom Jobim e Chico Buarque, entre outros gênios, como Drummond, sopram nos meus ouvidos mal começa a manhã .

No blues e no samba, sempre lavei a roupa suja da minha alma; na literatura, eu a enxaguei.

Porém, foi no rock que encontrei as provocações que me arrastaram a  experiências lisérgicas e tribais. Rock, é claro, sem prazo de validade. A primeira viagem foi tão boa quanto a leitura de Walt Whitman, numa tarde azul de brigadeiro, com direito a rasante de passarinho.

Apesar de tão essencial à minha vida, não almoço nem janto Arte; Flaubert e Tarantino, no entanto, integram outro tipo de fome − a fome da linguagem virtuosa: enquanto um esmerava forma, o outro abre o baú das fabulações imprevisíveis.

Sem a Arte, confesso, não conseguiria o equilíbrio e a força que, como os de um Jedi, dão-me energia para seguir em frente −  e não ser derrubado no caminho por um ser amorfo e rastejante.

(De Entre as Folhas do Jardim, livro de crônicas inédito)

 

Tag's: Arte, cinema, literatura, Música, poesia

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3 comentários em “A beleza como felicidade”

  1. Valquíria disse:
    23 de agosto de 2016 às 22:32

    Então somos dois. Também sou filha de Obaluaiê (Atotô!!!) e “sofro” dos mesmos “males” . Nada de errado nem patológico: nem depressivo nem melancolia. Simplesmente uma forma intimista de se sentir à vontade com isso tudo. Das músicas aos filmes. Da arte visual à filosofia. Da psicanálise e assemelhados à história. Isso é uma ótima forma de viver a vida. Meu trabalho que se confunde com hobby. Beleza!!!

    Responder
  2. Andrea Luísa Teixeira disse:
    24 de agosto de 2016 às 09:57

    Texto belo sobre a Arte. Viva as Musas, filhas de Mnemosine.

    Responder
  3. Luís Araújo Pereira disse:
    24 de agosto de 2016 às 12:20

    Atotô, Valquíria! Há no mundo almas que são parecidas, sem precisar recorrer a arquétipos. Nós respiramos uma mesma atmosfera cultural.
    Abraços

    Responder

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