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Foto: Divulgação
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Patricia Peterle em Veredas Professora de literatura da UFSC | Publicado em 8 de maio de 2022

Patricia Peterle
Professora de literatura da UFSC
08/05/2022 em Veredas

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Uma mosca muito especial: dois poemas de Eugenio Montale

Eugenio Montale (1896-1981) é, sem dúvida, o maior poeta italiano da primeira metade do século XX. Suas atividades de crítico, resenhista, jornalista cultural do Corriere della Sera e tradutor ajudaram a construir essa figura gigantesca, que em 1975 recebeu o Prêmio Nobel. Seu primeiro livro e talvez o mais famoso no Brasil é Ossos de sépia (1925), que, na época do lançamento, teve uma recepção não muito positiva, mas  logo depois entrou para sempre na história da poesia. Um vocabulário e imagens trabalhadas que condizem com a atmosfera hermética da época. 

Montale escreveu depois outros livros que continuaram construindo um percurso próprio e singular, que foi deixando muitos herdeiros como Vittorio Sereni, Giorgio Caproni, Andrea Zanzotto, Enrico Testa e Valerio Magrelli. O que é interessante notar ao longo dos anos é como ele vai se relendo e mudando o tom e a linguagem, na direção de uma “poesia inclusiva”.

Os dois poemas propostos em tradução foram escritos na metade da década de 1960 e publicados em Xenia, termo que é uma retomada de composições do poeta latino Marcial e que na Grécia antiga significava os dons ou presentes feitos aos hóspedes. Depois esses e os demais poemas de Xenia entraram, em 1971, como parte de Satura, livro ainda sem tradução, infelizmente, no Brasil.

É com ironia que Montale, a partir de ocasiões comuns, cotidianas e breves lembranças, inicia um diálogo com Drusilla Tanzi, sua companheira de vida, que morreu em 20 de outubro de 1963. Um detalhe importante: o apelido de Drusilla é Mosca, devido às grossas lentes e à armação dos óculos, porque ela era muito míope. A referência à miopia fica mais clara no segundo poema.

Xenia

1

Caro piccolo insetto

che chiamavano mosca non so perché,

stasera quasi al buio

mentre leggevo il Deuteroisasia

sei ricomparsa accanto a me,

ma non avevi occhiali,

non potevi vedermi

né potevo io senza quel lucicchìo

riconoscere te nella foschia.


Querido miúdo inseto

que chamavam de mosca não sei por quê,

hoje perto do escurecer

enquanto eu lia o Dêutero-Isaías

você reapareceu ao meu lado,

mas não tinha os óculos

não podia me ver

nem eu podia sem aquela centelha

te reconhecer em meio à caligem.


2

Senza occhiali né antenne

povero insetto che ali

avevi solo nella fantasia,

una bibbia sfasciata ed anche poco

attendibile, il nero della notte,

un lampo, un tuono e poi

neppure la tempesta. Forse che

te n’eri andata così presto senza

parlare? Ma è ridicolo

pensare che tu avessi ancora labbra.


Sem óculos nem antenas

pobre inseto que asas

só tinha na fantasia,

uma bíblia em frangalhos e ainda pouco

confiável, o negro da noite,

um raio, um trovão e depois

nem a tempestade. Talvez você

tenha ido embora tão cedo sem

um adeus? Mas é ridículo

pensar que você ainda tivesse lábios.

Tag's: Eugenio Montale, poesia, poesia italiana, Prêmio Nobel

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