As festas populares de Goiás são riquíssimas. Muitas cores, histórias, sons e tradição. Gosto de todas, das que eu já acompanhei de perto e mesmo das que vi só em fotos ou vídeos. Entre elas, duas são minhas preferidas: as Cavalhadas de Pirenópolis e as Congadas de Catalão. Nesta sequência de dois ensaios fotográficos, exponho algumas imagens que fiz acompanhando ternos de congo e mascarados pelo interior do Estado.
Para a primeira parte da série, separei algumas fotos das Cavalhadas de Pirenópolis, reconhecida como uma das mais importantes do País. As cores desta festa saltam aos olhos. Na arena onde é realizada a programação oficial e são encenadas por três dias as batalhas entre mouros e cristãos, o vermelho e o azul predominam, com opulência. Montados em seus cavalos enfeitados, os cavaleiros, ostentando trajes exuberantes confeccionados com muito cuidado e riqueza de detalhes, exibem uma elegância que contrasta com as fantasias às vezes improvisadas e jocosas dos mascarados, que desfilam e cavalgam de forma desorganizada e aleatória pela cidade.
Principal festa popular da cidade histórica de Pirenópolis, as Cavalhadas, celebradas todo ano no mês de maio, chamam a atenção pela beleza. Milhares de turistas acompanham as encenações das batalhas entre mouros e cristãos em um espaço reservado para o evento.
As máscaras que imitam cabeças de touros tornaram-se um dos símbolos não só das Cavalhadas, como também da própria cidade de Pirenópolis. Os Mascarados, sobretudo os com cabeças de bois, agitam a festa puxando os cortejos e fazendo barulho pelas ruas.
As Cavalhadas revivem uma batalha entre mouros e cristãos ocorrida no século 8, quando os exércitos do rei Carlos Magno interceptaram um contingente de sarracenos, adeptos do islamismo, que invadia o sul da França. Isso, porém, abriu o flanco para que os mouros, representados na festa pelos cavaleiros de vermelho, tomassem o sul da Península Ibérica, de onde vem a tradição de encenar aqueles confrontos, trazida pelos portugueses para o Brasil.
Os cavaleiros de azul representam os combatentes cristãos. Nas cavalhadas trazidas da Europa pelos colonizadores portugueses, estes são vistos como heróis que, incansavelmente, tentaram expulsar os mouros do Velho Continente. A Igreja Católica, tanto na Europa quanto na América, incentivou a criação de tais celebrações como forma de reforço da fé cristã.
Nem todos os mascarados das Cavalhadas de Pirenópolis usam as cabeças de boi. Outros utilizam máscaras diferentes, incorporando-se à encenação com maior liberdade.
Para a população da cidade, é uma forma de brincar e espantar a monotonia. Os habitantes encontram nas Cavalhadas um momento de celebração da fé, já que a Festa do Divino também integra as comemorações, mas também uma outra forma de estreitamento das amizades e convívio social.
Mensagens bem-humoradas também podem ser vistas durante as festas. Todos têm um extremo cuidado com os animais, verdadeiras estrelas das Cavalhadas de Pirenópolis.
Os cavalos que participam da festa são treinados para a encenação durante todo o ano. Os exercícios de montaria fazem parte da rotina de homens e garotos que, depois, participam da festa religiosa.