Festival de cinema mais político e antigo do País, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro chega à sua 49ª edição reafirmando a tradição de um cinema crítico e reflexivo, a começar pelo filme de abertura, Cinema Novo, de Eryk Rocha, que será exibido nesta terça-feira, às 20 horas, no Cine Brasília. O documentário premiado no Festival de Cannes, e que será apresentado fora de competição na capital federal, carrega no título a herança de uma era em que a tela do cinema se destacou como uma arena do pensamento no País.
A obra dá a largada para uma extensa programação, que prossegue até domingo, com destaque para a mostra competitiva de longa-metragens, que agora terá nove filmes, e não seis, como anteriormente (confira os selecionados abaixo). Somando as mostras paralelas, ao todo serão exibidos 40 filmes no evento.
Considerada uma das mais participativas entre os eventos do gênero do País, a plateia do Festival de Brasília verá uma mostra competitiva marcada pela inquietação, garante o crítico e cineasta Eduardo Valente, curador do festival. “Os nove longas selecionados nos iluminam algo sobre o estado do mundo e das relações humanas hoje: um tempo de inquietações e angústias, mas também de luta, resistência e afirmações de identidades. Os 12 curtas e médias oferecem um recorte extremamente potente e, em conjunto com a seleção de longas, apresentam um panorama de um cinema brasileiro pulsante, que vai mexer com a plateia do festival”, afirma Valente.
A competição traz filmes, entre longas e médias, de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Amazonas, Rio Grande do Sul, Maranhão e Bahia, além de coproduções internacionais, com Portugal e Costa Rica. O Distrito Federal está representado na disputa da mostra competitiva principal com o longa Malícia, de Jimi Figueiredo.
Além da exibição de filmes, o festival mantém a tradição do incentivo à reflexão com a realização de vários debates e seminários. O cinema pernambucano será homenageado na sessão de encerramento, com a exibição hour concours de Baile Perfumado, que completa 20 anos, e também com a participação do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho, diretor de Aquarius, longa que coleciona polêmicas desde sua estreia em Cannes e se tornou um símbolo da resistência ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e contra o governo Temer.
Confira os longa-metragens da mostra competitiva
Malícia (DF, ficção)
Em seu terceiro longa-metragem, o cineasta brasiliense Jimi Figueiredo conta uma história repleta de reviravoltas, envolvendo um dono de restaurante e um voyeur. O filme traz Viviane Pasmanter e Sérgio Sartori no elenco.
Rifle (RS, ficção)
Diretor do premiado Castanho, o cineasta Davi Pretto narra em Rifle uma história ambientada no meio rural. Na trama do filme, o protagonista está prestes a perder a pequena fazenda da família.
Martírio (PE, documentário)
O cinema indigenista de Vincent Carelli, o criador do projeto Vídeo nas Aldeias e diretor de Corumbiara, agora se detém sobre a luta do povo Guarani Kaiowá (Mato Grosso do Sul) pela demarcação de suas terras.
Antes a Vida não Acabava (AM, ficção)
Exibido na mostra Panorama, do Festival de Berlim, o longa de Sérgio Andrade é protagonizado por um jovem índio que vive na periferia da cidade e não se sente ligado a sua comunidade. No entanto, ele logo ele terá de encarar as próprias origens quando um pajé insiste em trazê-lo de volta à tribo.
Elon Não Acredita na Morte (MG, ficção)
O mistério dá o tom da narrativa sobre um homem que fica à beira da loucura com o sumiço da mulher. A direção é de Ricardo Alves Jr., estreante em longas.
A Cidade onde Envelheço (MG, ficção)
Nesta ficção, a diretora Marília Rocha , conhecida por documentários densos e premiados como Aboio, aborda a saudade e a imigração com a história de uma jovem portuguesa que vai morar em Belo Horizonte e decide adotar o Brasil como seu novo lar.
20 Anos (RJ, documentário)
A diretora Alice Andrade acompanha por duas décadas a vida de três casais cubanos.
O Último Trago (CE, ficção)
Com direção de Luis Pretti, Ricardo Pretti e Pedro Diógenes, o drama reúne sete personagens que vivem em épocas e locais distintos, mas cujas vidas são indiretamente interligadas pelo espírito revolucionário.
Deserto (RJ, ficção)
O longa de estreia do diretor Guilherme Weber conta com Lima Duarte e Cida Moreira como integrantes de uma trupe de artistas mambembes no sertão nordestino.
Confira a programação completa em www.festbrasilia.com.br. E acompanhe diariamente a cobertura completa do Festival de Brasília, pela colunista Rute Guedes, em Ermira Cultura.