ERMIRA

(Curadoria de Luís Araujo Pereira)

 

[1]

 

Longe de nós

monge de mim

filhos de deus

somos assim

almas irmãs

doces guris

frases pagãs

perto do sim.

 

Abraço bom

palavra sã

há paz em nós

aldebarã

estrela amor

amigo meu

ouço sua voz

nenhum adeus.

 

No seu silêncio

em sua cela

sonhos de paz

flor amarela

Até um sonho

um dia, nós,

 

irmãos demais

nunca mais sós.

 

[2]

 

Ele

é

mais

um

da

legião

de

office

boys

que

o

eixo

anhanguera

desova

todos

os

dias

no

centro

de

Gyn.

Ele é o mais bunitim!

 

[3]

 

Compor

(em parceria com Gustavo Veiga)

 

Quando adormeço compondo

sou mais uma estrela no céu

à noite, os sons vão tramando

a forma que o canto vai ter

Quando componho

vou tecendo as teias

tocando os fios da emoção

dando às palavras

a força exata

pra que bata o seu coração

quando componho

me empenho, me exponho

engenho domando a canção.

 

Quando me esqueço

fazendo um verso

vivendo o prazer de criar

invento o amor

dou forma, dou cor

e deixo o amor se entregar.

Sentimental

música e sol

fabrico essa doce invenção

pra lhe comover

pra me adormecer

pra guardar a nossa ilusão.

 

[4]

 

Que coisa mais estranha

é te esquecer na marra

como se me forçassem

a amputar um braço

como se me pedissem

pra cegar os olhos

como se me obrigassem

a calar o coração.

 

Que loucura doída

é te tocar pra nada

como se proibido

fosse esse desejo

como fechar a boca

pra não entrar mosquito

como pedir socorro

para a solidão.

 

[5]

 

I’m sorry baby

eu não sou o seu cara

a sua tara

a cura para o seu lance psico.

Desculpa mesmo,

mas já salvei tanta gente

que acabei perdendo a receita

em outros salvamentos de malucos.

Sei que é foda

ser tão direto

não ser correto

com seu barato.

I’m sorry.

Mesmo!

 

Perfil

Sou compositor. Letrista. Tem gente que cisma de me chamar de jornalista, produtor etc. Sim, posso ser essas coisas, pois trabalhei e trabalho com isso também. Mas prefiro a função de Letrista. Em vez de produtor, podem me chamar de agitador cultural. E o jornalismo, pela falta de moral dos donos das empresas, anda tão em baixa, que prefiro deixar isso de lado, apesar de ter trabalhado mais de 20 anos em redações de jornais e revistas de Goiânia. Aqui umas letras minhas. Ah, se eu soubesse fazer poemas…