Dizem que filho de peixe, peixinho é. E muita gente poderia dizer que o ditado vale à perfeição para o escritor Luís Fernando Verissimo, que acaba de completar 80 anos de idade, uma vez que ele é filho do grande romancista Erico Verissimo. Mas, cuidado… Não é bem assim! Evidente que ambos são escritores importantes, populares e de grande qualidade, mas cada um na sua praia. Enquanto Erico escreveu o maior épico da literatura brasileira no século XX, o monumental O Tempo e O Vento, seu filho enveredou por outros caminhos, mais ligados à crônica, ao texto bem humorado e a livros que apostam em enredos satíricos ligados ao comportamento humano. Para celebrar as oito décadas de vida de Luis Fernando Verissmo, ERMIRA traz para vocês cinco sugestões indispensáveis para mergulhar na obra deste autor gaúcho, torcedor fanático do time do Internacional e que manda muito bem no saxofone.
O Analista de Bagé
Personagem criado em 1981, esse típico gaúcho machista e conquistador, que sempre encontra soluções um tanto inusitados para os seus problema e para os dilemas dos outros, transitou por vários gêneros. Ele aparece em crônicas e em quadrinhos (lembrando que Verissimo é autor das tirinhas clássicas As Cobras, que debatiam acidamente a situação do País). Mas foi no teatro, com uma peça em cartaz há décadas, que o trabalho ficou conhecido por boa parte do público brasileiro.
Ed Mort
Verissimo adora enveredar, ainda que seja para parodiá-las, as narrativas policiais, que têm como protagonista um detetive particular perspicaz. No seu caso, o tal detetive está mais para atrapalhado que para exatamente esperto. Ed Mort se mete em confusões absurdas antes de resolver seus casos, muitas vezes por pura sorte. É um anti-herói clássico, mas que tem como uma de suas características principais a malandragem. Só que isso, claro, quase nunca dá certo.
A Comédia da Vida Privada
Depois que as crônicas desta série foram parar em especiais da TV Globo, as obras que reúnem tais textos estiveram entre as mais vendidas do País por um longo período. O que Verissimo faz com maestria nesses trabalhos é retratar, com uma ironia finíssima, os absurdos cotidianos, as situações mais esdrúxulas em que todos nós, vez ou outra, nos envolvemos. O trivial ganha ares divertidos, dramáticos, engraçados ao extremo, em uma linguagem que flui tão bem quanto a leitura.
As Mentiras que Os Homens Contam
Já esta série de crônicas dedica-se aos relacionamentos humanos, sobretudo aos amorosos. Um terreno que, claro, está pródigo de desencontros, fornecendo matéria-prima vasta para a construção de situações dos mais diferentes perfis. Primeiramente, Verissimo brinca com o hábito de muitos homens de contarem mentiras, seja para seduzir, seja para se livrar de alguém, seja para manter uma relação. Depois ele também ironiza esse mesmo comportamento nas mulheres.
Os Espiões
Outra predileção de Verissimo é criar enredos de cunho noir, mas, claro, a seu modo. Os Espiões é um desses títulos. Toda a trama é recheada de muito humor – às vezes, non sense –, geralmente com altas doses de ironia mórbida. É assim em outros três de seus livros dessa linha, os romances Borges e Os Orangotangos Eternos, O Indigitado e o volume Gula, da série Sete Pecados Capitais. Atualmente, todas a obras citadas acima são editadas pelo selo Objetiva/Alfaguara.