Vivemos tempos em que a primeira impressão que temos de uma banda é sua foto ou vídeo. Tudo antes da música. Por isso, é preciso ter atitude, cabelos modernos, óculos descolados, caras, bocas, barbas e tatoos. Estilo conta para o primeiro clique do ouvinte. E, por muitas vezes, o que ouvimos é óbvio ou sem graça. Talvez pelo fator visual muita gente nem ouviria a banda da Indonésia chamada Mooner.
E quem pela cara de seus integrantes meio “não ligo para parecer cool nas fotos” não se empolgar a ouvir o Mooner, estará perdendo e muito. O disco mais recente do grupo, lançado em abril, é impressionante. Riffs pesados e criativos, sustentados por precisas e graves linhas de baixo. A bateria soa como algumas bandas dos anos 70. Aliás, muitos definiriam o som da ‘Mooner’ de stoner rock. E se for isso mesmo, bandas setentistas que eles se assemelham, como o Jeronimo, já eram stoner.
De qualquer maneira, algumas músicas do disco Tabiat, do Mooner, realmente lembram algumas coisas do Corrosion of Conformity, por exemplo. Mas não é só isso. Há ainda uma leve influência da música local que só uma banda da Indonésia poderia ter. Inclusive, com o uso de algumas percussões. E há o vocal de Marshella Safira, suave em uma base pesada, característica que é uma das melhores do rock. A cantora dá um ar “arabesco”, “oriental” às músicas. Claro, há a língua, que para nós confere ainda mais originalidade ao som do Mooner. Só não tente cantar junto, é uma tarefa difícil.
Lá na Indonésia, o Mooner é chamado de supergrupo, porque reúne integrantes de bandas conhecidas do rock local. Mas de tudo o que interessa mesmo é a música. O disco Tabiat, que curiosamente significa “comportamento” no indonésio, pode ser ouvido nas plataformas digitais, como Spotify ou mesmo no YouTube