Aqui na Serra Imperial de Petrópolis o gavião-de-rabo-branco reina. O quero-quero voa baixo, perseguindo o sabiá. Alerta para o filhote que anda junto à grade a cada aproximação perigosa. Não viu que ali perto, se eu fosse um felino, bastava um pulo.
Um livro é uma espécie de missiva que se lança ao mar para o usufruto ou deleite do leitor ignoto. Ademais, qualquer fonte escrita traz o condão de subsidiar o historiador do futuro, inspirar o artista ou informar quem se forma. Eis que somos as crianças que fôramos e os ideais são sementes. Já os dogmas paralisam. Aos 18 anos, ajudou-me a Hatha Yoga de consciência corporal, foco e respiração.
Na era da informação e do Antropoceno, onde o ser humano altera o equilíbrio do planeta, destruindo as condições para a vida humana, ao tempo que busca soluções engenhosas para a manutenção da vida e de bilhões de indivíduos da nossa espécie − o que para alguns norte-americanos proto-desumanos incluiria a colonização de Marte −, recorro a dois livros do yogue indiano que representou a tradição da Kriya Yoga nos Estados Unidos − e por conseguinte, no Ocidente.
O livro resgatado do Yogananda em Nova Friburgo chama-se Como Ter Saúde e Vitalidade (Ed. Pensamento, São Paulo, 2014, tradução de How to Achieve Glowing Health and Vitality). Noto que subtraíram o adjetivo do título.
No livro sobre a saúde que faz brilhar o Yogananda fala sobre vibrações de energia cósmica vital. “A medula oblongata (a boca de Deus) é a antena que capta energia da consciência cósmica”, escreveu. Por isso sua epígrafe ao capítulo 1 termina pelo enunciado: “Sou um feixe de eletricidade por trás deste corpo.”
Já em sua autobiografia, o Paramahansa escrevera que o período da Treta Yuga ou Idade da Prata terá início em 4.100 de nossa era, difundindo o uso amplo das comunicações telepáticas. Será que chegaremos tão longe?
Como ilustra o filme documentário belíssimo que fizeram, entre outros feitos de consciência energética, o Yogananda previu sua própria extinção pela morte.
Fui nadar e choveu. Removi sapo e filhote mortos da água. Enquanto nadava, o quero-quero assenhorou-se da beira da mesa onde deixara este caderno, lembrando-me que sou eu o estrangeiro na serra que o humano invadiu.
E agora mudo-me para mesa à janela, apenas para surpreender-me pela passagem de uma saracura correndo.
Ando sonhando. Na volta um pássaro-preto morto no chão. Será algum presságio simbólico? Dizem na roça, se for cobra morta ao sair, volte para casa.
Na rede virtual, segundo autor ligado a think tank, atingimos o tipping point no Ártico.
No caso das imensas calamidades ambientais, alerte-se o Planeta pela telepatia da internet − que aos 18 anos jamais sonhei existiria. E sigamos vivos pela consciência do cosmos, que o naturalista escocês John Muir intuía nas florestas americanas.
Confira abaixo o trailer do documentário Awake: The Life of Yogananda:
Adoooorei!!! Como tudo que você escreve.