As relações humanas são tema recorrente das coreografias de Joisy Amorim para a Giro8 Cia. de Dança. Teia, seu mais recente trabalho, levado ao palco do Teatro Goiânia nos dias 13 e 14 de julho, em estreia nacional, não foi diferente. Agitado como as danças de rua, o espetáculo conta com o patrocínio da Lei Goyazes de Incentivo à Cultura para produção, estreia e circulação. Em breve, deverá ser apresentado em João Pessoa e em Recife. A estreia internacional será na Argentina.
Quinta coreografia do grupo goiano de projeção internacional, explora com muita competência as teias que se formam no nosso cotidiano ao longo da vida. Teias de relacionamentos, de amores e desamores, de desentendimentos, de afetos, alegrias e tristezas. As teias vão surgindo à medida que o tempo passa, sem nos darmos conta. Mesmo discutindo um assunto tão complexo, o espetáculo é vibrante do início ao fim.
Como aranhas que tecem suas teias em silêncio, a coreografia vai tecendo relacionamentos intricados com muita intensidade e vibração, “como deve ser um espetáculo de dança”, para usar as palavras de um bailarino. É como a vida pulsando agitada, desconectada nos movimentos intensos dos bailarinos. Muito bem sintonizado, coeso e ágil, o grupo faz a plateia se agitar, um quase convite para que suba ao palco e dance com eles.
A dramaturgia do espanhol Antonio Gomez Cásas, em sua segunda parceria com Joisy Amorim, enriquece o espetáculo, fazendo um elo de ligação entre as várias teias de sentimentos. Joisy investe nos movimentos das danças urbanas para dar mais agilidade à cena. Mago dos vídeos, Paulinho Pessoa destaca-se pela ótima cenografia e Cleyber Ribeiro, pela originalidade da trilha sonora. Com muito acerto, Joisy cerca-se de profissionais experientes para compor o elenco de parceiros, elevando cada vez mais o nível de suas criações.
Parceiros de primeira hora, a ex-bailarina Erica Bearlz comanda os ensaios e Vanderlei Roncato, a criação cênica. Ex-integrante da Quasar Cia. de Dança, João Paulo Gross assumiu as aulas de dança contemporânea dos bailarinos Emanu Rodrigues, Inaê Silva, Isabel Mamede, Felipe Silva, Jean Valber e Murilo Heindrich.
Novos horizontes vão se abrindo para a companhia, que fez temporadas bem-sucedidas na Espanha e em Portugal. À frente da Giro8 há quase oito anos, Joisy Amorim não tem se deixado abater pelas dificuldades na captação de recursos e patrocínios. Tem procurado fazer importantes parcerias, como esta com Antonio Gomez Cásas, para elevar a qualidade dos espetáculos, formar bailarinos profissionais e fazer apresentações no Brasil e no exterior.
Criada em 2011 por Maria Inês de Castro, ex-diretora do Energia Grupo de Dança, e Joisy Amorim, a Giro8 Cia. de Dança estreou com o espetáculo Retrato em Branco e Preto, em novembro daquele ano, revelando o que vinha dali em diante. Queriam fugir do óbvio e conquistar novas oportunidades para a dança contemporânea. As relações humanas, as angústias da vida urbana, individualista, agitada, dominada pelos encontros e desencontros, foram a primeira abordagem coreográfica do grupo, que explorou ainda o tema nas montagens ((Entre)) O Eu e o Mundo, Antes Que..., Sr. Will e agora em Teia.
Com a saída de Maria Inês, em 2013, Joisy assumiu toda a responsabilidade da companhia, como diretora e coreógrafa. O trabalho exigente de criação levou-a a delegar a direção geral do grupo a Elaine Cruz, dois anos depois, para dedicar mais tempo à elaboração de coreografias e à direção artística.
Desde seu primeiro espetáculo, a Giro8 Cia. tem se destacado no cenário artístico, conquistando premiações importantes como a Medalha do Mérito Cultural, concedida pelo Conselho Estadual de Cultura. Recebeu também homenagem da Câmara Municipal de Goiânia pelos relevantes serviços prestados à cultura. Coreógrafa e diretora artística, Joisy Amorim foi agraciada com a comenda Ordem do Mérito Anhanguera, concedida pelo governo de Goiás.