• Sobre Ermira
  • Colunas
    • Aboios
    • Arlequim
    • Arranca-toco
    • Chapadão
    • Chispas
    • Dedo de prosa
    • Errâncias
    • Especial
    • Espirais
    • Florações
    • Margem
    • Maria faz angu
    • Matutações
    • Miradas
    • Mulherzinhas
    • Projeto Ensaios
    • NoNaDa
    • Pomar
    • Rupestre
    • Tabelinha
    • Terra do sol
    • Veredas
  • Contribua
  • Colunistas
  • Contato
  • Instagram
  • Facebook
  • YouTube
  • Twitter

ERMIRA

  • Instagram
  • Facebook
  • YouTube
  • Twitter
  • Sobre Ermira
  • Colunas
    • Aboios
    • Arlequim
    • Arranca-toco
    • Chapadão
    • Chispas
    • Dedo de prosa
    • Errâncias
    • Especial
    • Espirais
    • Florações
    • Margem
    • Maria faz angu
    • Matutações
    • Miradas
    • Mulherzinhas
    • Projeto Ensaios
    • NoNaDa
    • Pomar
    • Rupestre
    • Tabelinha
    • Terra do sol
    • Veredas
  • Contribua
  • Colunistas
  • Contato
Imagem: detalhe da capa do livro Pio Vargas - Poesia completa (R&F Editora, 2014)
Imagem: detalhe da capa do livro Pio Vargas - Poesia completa (R&F Editora, 2014)
Imagem: detalhe da capa do livro Pio Vargas - Poesia completa (R&F Editora, 2014)

Luís Araujo Pereira em Florações Professor e escritor | Publicado em 27 de setembro de 2020

Luís Araujo Pereira
Professor e escritor
27/09/2020 em Florações

  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no Google +
  • Compartilhar no WhatsApp
← Voltar

Cinco poemas de Pio Vargas

[Curadoria de Luís Araujo Pereira]

[1]

o fogo nas vísceras

III

o fogo e o tédio

são produtos sem mídia,

salvo suas cores

pródigas e ingênuas

no painel de dores tíbias.


pode haver o momento

de palavras ajustáveis

em cada frase,


o momento de sombras

em transparente corpoquase

sem que isto denuncie

ruptura de gesto e culpa,

extremos de mesma base.

⁕ ⁕ ⁕


[2]

a dúbia dor

III

interno e vasto é meu grito.


até aqui trouxe dois olhos

e a visão ciclope dos pesadelos

como quem espalhou lâmina e dilúvio

para envenenar o próprio espelho

ou se ferir em gumes turvos.


viver é um risco

na ordem dos calendários:


por isso abrigo incerto mangue,

condomínio de alheios viventes,

para manter a humanidade mesma

nos outros eus mais diferentes.

⁕ ⁕ ⁕


[3]

ode analgésica

a pátria é o embaixo das roupas.


é lá que dói e se desfazem

as linhas mínimas do ventre

o lacre avesso do silêncio

e o destino de solo intêmpere.


é lá o magazine de medos

onde quem sabe há calado

na caricatura de seus becos

ou no domícilio de seus fados.

Anatomia do gesto (1989)

⁕ ⁕ ⁕

[4]

ásperas aspas

nenhuma treva me basta

se me desaba o teto a casa

meu ventre em viagem casta

e meu voo de corpo sem asa


minhas vírgulas como degraus

a entalhar ásperas aspas

o texto-hangar de minhas naus

o nu teclado de outras harpas


o império de meus ampares

nos tantos poros térmicos

os sinais que somam seres

nos andares epidérmicos

⁕ ⁕ ⁕


[5]

vaga litúrgica

o volume da chuva

é que decifra o dilúvio

como no corpo eflúvio

é âmbar a dúvida


a porta que mais vence

é a que aberta permanece

e o corpo que mais sente

é nem sempre o que adoece

Os novelos do acaso (1991)

Perfil

Pio Vargas Abadio Rodrigues nasceu em Iporá (GO) em 7 de setembro de 1964 e morreu precocemente, em consequência de uma parada cardíaca causada por overdose de cocaína, em Turvelândia (GO), no dia 8 de março de 1991. Apesar de ter tido pouca instrução formal, dedicava-se com empenho à leitura. Ocupou cargo público e integrou a diretoria da UBE, seção de Goiás. Deixou um filho, Rafael Vargas. Idealizou o projeto Edições Divagar e Sempre (conhecido como PN, sigla de Porranenhuma), produzido em xerox, que divulgava autores jovens. De recitais a concursos de poesia, incluindo festivais de música, foi também ativista cultural.  Escreveu os seguintes livros de poemas: Janelas do espontâneo (1983), Anatomia do gesto (1989), prêmio da Bolsa de Publicações José Décio Filho, e Os novelos do acaso (póstumo,1991), prêmio da Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos. Em 2014, a R&F Editora publicou Pio Vargas – Poesia completa, organizada por Carlos William Leite.  Em prefácio ao livro,  o escritor e professor Ademir Luiz considera que Pio Vargas “foi poeta de muitos temas, mas alguns ele perseguiu repetidamente ao longo de sua produção. O estranhamento ao mundo, uma visão não condescendente do amor, a boemia como resistência à mediocridade, o combate ao provincianismo, o elogio do caos, os limites do corpo e da alma e, sobretudo, a obsessão pela morte, apontada às vezes como solução.”  A partir de 2021, toda a obra de Pio Vargas passará a circular nacionalmente pela martelo casa editorial, começando por Ser difícil não é fácil: antologia profética.

Tag's: literatura, literatura goiana, Pio Vargas, poesia, poesia goiana

  • Certo bar

    por Luís Araujo Pereira em Espirais

  • Águas femininas

    por Da Reportagem/Ermira em Veredas

  • Inúmeros, numerosos, infinitos números

    por Marília Fleury em Pomar

  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no Google +
  • Compartilhar no WhatsApp

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

Deixe um comentário (cancelar resposta)

O seu endereço de e-mail não será publicado. Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

ERMIRA
  • Instagram
  • Facebook
  • YouTube
  • Twitter