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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
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Luís Araujo Pereira em Florações Professor e escritor | Publicado em 21 de janeiro de 2024

Luís Araujo Pereira
Professor e escritor
21/01/2024 em Florações

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Cinco poemas de Rufo Quintavalle

[Curadoria de Luís Araujo Pereira. Tradução de Elton Uliana]

[1]

You and whose army

A river drove and that was rot;

if that than which then I,

up early and seeking exposure

to the following themes, began:

the water, the water, the water to shave,

the water that, in drips, gives life,

in floods and gullies takes away;

the rank demographics, the road-map of fear

and a spider, breathing, on Maghrebin tiles.


These are our best times, don’t be fooled;

the best, that is, we’ll ever know,

here on our icecap,

here on our shrinking island,

starting, slant-eyed, out from next to nothing;

remember when we drank wine?

that bottle so rich it filled like fisting

or an egg an egg our mouths?

I’ve a magnum hid in the children’s playpen,

call up your friend, the one with the legs

and the sad eyes and we’ll share it.


You and whose army says the boatman and I’m scared

but open like a gaping birth to anyone.


Você e quantos mais?

O rio corria em pura podridão;

sendo assim então

acordei cedo e visando me expor

aos seguintes temas, comecei:

a água, a água, a água para barbear,

a água que, em gotas, dá vida,

e em enchentes e enxurradas tira;

a escala demográfica, o mapa do medo

e uma aranha, respirando, sobre os azulejos magrebinos.


Estes são nossos melhores momentos, não se engane;

isto é, os melhores que viveremos

aqui nesta nossa placa de gelo,

aqui nesta nossa ilha diminuta,

começando, com olhos envesados, surgindo do quase nada;

lembra quando bebemos aquela garrafa?

Um vinho tão encorpado que encheu nossas bocas

como um punho ou um ovo, um ovo?

Tenho uma magnum escondida no quarto das crianças, chame seu amigo,

aquele com pernas e olhos tristes e vamos compartilhá-la.


Você e quantos mais, pergunta o barqueiro e eu amedrontado

porém aberto para qualquer um como um parto escancarado.

Weather Derivatives [Derivativos climáticos] (2014)

***


[2]

Brutus

We overslept and missed the Spring again,

and then came an angry man,

spluttering blood, farting beluga.


Go away we said with your mischief

and your hideous beard but he stayed.


He scared my cousin with his talk of girls,

and my wife with his knowledge of money.

He put the fear of God in us all

and stayed forever: a hulking

unwanted, necessary saint.


Brutus

Dormimos demais e perdemos a primavera de novo,

aí um apareceu um homem raivoso,

cuspindo sangue, peidando beluga.


Vá embora com sua maldade, dissemos

e sua barba ridícula, mas ele ficou.


Assustou meu primo com sua conversa sobre garotinhas,

e assustou minha esposa com seu conhecimento financeiro.

Colocou o temor de Deus em todos nós

e ficou para sempre: um enorme santo

indesejado e necessário.

Weather Derivatives [Derivativos climáticos] (2014)

***


[3]

Place du Carrousel

The president passes in a motorcade;

let him pass.


The sun is kissing my eyes

and I know I shall never go hungry.


Place du Carrousel

O presidente passa num cortejo;

deixe-o passar.


O sol neste momento beija meu olhos

e sei que fome jamais passarei.

Weather Derivatives [Derivativos climáticos] (2014)

***


[4]

Invisible hand job

If love of money is the root of all evil,

could spending it be a source of good?

This ten year potlatch not a crazy waste

but a vast, half-conscious benevolence;

to spend and never count the cost, buy

and ask for no reward, money flowing

through us like spunk through swingers.

You think you are fine with your ethics,

your thrift and sustainable investments?

I tell you the merest of clubbers is finer;

knickers in handbag, head splitting, spent.


Punheta invisível

Se apego ao dinheiro for a raiz de todo o mal,

não seria gastar uma fonte de bem?

Estes dez anos de potlatch não seriam um desperdício insano

mas uma vasta, semiconsciente benevolência;

gastar e nunca calcular o custo, comprar

e não exigir recompensa, dinheiro fluindo

pelos nossos poros como porra em troca de casais.

Você acha que sua ética é bacana,

seus rendosos investimentos sustentáveis?

Pois lhe digo que qualquer dançarina de boate é mais refinada;

calcinha na bolsa, cabeça girando, gasta.

Weather Derivatives [Derivativos climáticos] (2014)

***

[5]

A day at the zoo

A rhesus macaque

aligns then mounts

a rhesus macaque


machines for existing


not even, parts

of a machine.


A rhino butts

a rock, stumbles.


We have nothing

in common

with the beasts.


If they could think,

or choose,

or starve themselves,

or parse their sex drives

into a thousand internally consistent flavours

each with a slew

of bars and websites,

if they, as well

as offspring,

made of

the presence of death,

codicils and worship,

would they


be of the same mind?


Um dia no zoológico

Um macaco-rhesus

alinha-se e monta

um macaco-rhesus


máquinas de existir


nem isto, partes

de uma máquina.


Um rinoceronte esbarrando

em uma pedra, tropeça.


Não temos nada

em comum

com os animais.


Se eles pudessem pensar,

ou escolher,

ou ficar sem comer,

ou codificar seus impulsos sexuais

em milhares de sensações internamente consistentes,

cada uma com uma vastidão 

de bares e websites,

e se eles também

além de genealogia

fossem feitos

da presença da morte,

de codicilos e de idolatria,

seriam eles


da mesma opinião?

Weather Derivatives [Derivativos climáticos] (2014)

Rufo Quintavalle nasceu em Londres (Inglaterra), em 1978. Estudou em Oxford e na Universidade de Iowa e atualmente mora em Paris. É autor, entre outros, dos livros de poesia hhereenow, Weather derivatives, Dog, Cock e Ape and viper. Sua coleção Shelf  (Sagging Meniscus, 2021) é uma releitura de Song of myself de Walt Whitman. Seu livro mais recente é a coleção “I Love Paris” (Opiate Books, 2023).

O tradutor

Elton Uliana é coeditor do Brazilian Translation Club da University College London (UCL). Sua obra publicada inclui contos de Conceição Evaristo, Carolina Maria de Jesus, Alê Motta e Carla Bessa (Daughters of Latin America: An international anthology of writing by Latine women, HarperCollins, 2023), assim como traduções de Mário Araújo (Assymptote), Ana Maria Machado (Alchemy), Jacques Fux ( 128 Lit, Tablet), Carla Bessa (Your impossible voice, Asymptote, Oxford anthology of translation) e Alê Motta (Latin America literature today).

Tag's: literatura, poesia, poesia inglesa, Rufo Quintavalle

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