Um ovo numa superfície de areia. Foi essa imagem, uma foto de Rui Faquini, que ilustrou todo o material de divulgação do primeiro Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental de Goiás (Fica), realizado em 1999, quando teve 154 obras inscritas. Já em sua 25ª edição, que se inicia nesta terça-feira, 11 de junho, o primeiro festival de cinema a abordar a temática ambiental do Brasil contou com 1.078 filmes inscritos, originários de 76 países, No Brasil, 26 dos 27 estados participaram do processo seletivo em 2024.
Os números impressionam, e a diversidade dos filmes a que o público poderá assistir também. A mostra principal, que desde 2021 leva o nome Mostra Washington Novaes, é a linha central do festival, que ao longo de sua trajetória sofreu diversas configurações. Hoje o festival conta também com a Mostra do Cinema Goiano, a Mostra Becos da Minha Terra (exclusiva para obras produzidas na cidade de Goiás), a inédita Mostra de Cinema Indígena e Povos Tradicionais, além de sessões paralelas. Debates com os realizadores, conferências, palestras e oficinas de cinema e meio ambiente também integram a extensa programação.
Desde suas primeiras edições o Fica chamava a atenção por ser um festival de cinema, que, além de restrito a um grande tema, a questão ambiental, caracterizava-se também pelas atrações como shows com artistas de projeção regional e nacional, além de eventos de artes plásticas, o que dividia opiniões. Não foram poucos os que que temiam que assim o festival perderia sua identidade, não sem razão, já que parte considerável do público, em muitos anos, comparecia à cidade de Goiás apenas para ver estrelas da música brasileira, deixando em algumas edições um rastro de poluição extenso na antiga Vila Boa, de lixo propriamente dito à poluição sonora.
Desta forma, chegou-se até a questionar o sentido e o futuro do próprio evento – afinal, por que o grande público perguntava mais – e ainda pergunta – sobre qual será o grande show nacional do que sobre os filmes em exibição? Também havia o temor de que, por ser uma iniciativa do poder estadual, o Fica deixaria de existir com as naturais mudanças de governo – o que felizmente não aconteceu.
Com o passar do tempo e os esforços de seus realizadores, o festival sobreviveu a esses impasses e sofreu várias mudanças, mas sempre mantendo sua estrutura centrada no cinema ambiental. Embora o interesse do público pelos filmes e debates tenha aumentado ao longo dos anos, os grandes shows foram mantidos. Assim, o Fica definiu-se, finalmente, como um festival multicultural com destaque para o cinema. Vinte e cinco anos se passaram e o Fica deixa claro que já está enraizado no cenário cultural goiano e brasileiro, além de se consolidar entre os principais festivais de cinema ambiental do mundo.
A relação entre ser humano e natureza é o foco do festival, tanto na esfera cinematográfica quanto nos debates sobre cinema e e meio ambiente que serão realizados. A escolha do tema Tecnologia, Inovação e Mudanças Climáticas em sua 25ª edição é um convite a profundas indagações. No entanto, essas perguntas não são de interesses apenas dos estudiosos de cinema ou de meio ambiente, mas são questões que estão no dia a dia da população, colocando em foco o quanto a tecnologia pode ser não apenas um elemento a serviço da destruição do meio ambiente, mas também um meio de mitigar problemas graves como as mudanças e crises climáticas que afetam a humanidade em diversas esferas no mundo todo, como o derretimento das geleiras na Antártida, as grandes inundações e secas no Brasil, o risco de devastação de biomas como o cerrado, entre outros.
Não por acaso, cientistas renomados têm alertado para a implementação de políticas e ações que tenham em vista as mudanças climáticas em diversas regiões do planeta. Até mesmo os governos que faziam vista grossa em nome do desenvolvimento estão agora reconhecendo a importância de políticas públicas para amenizar os impactos das mudanças climáticas provocadas pelo ser humano.
Cinema goiano
Sem dúvida, o surgimento do Fica foi fundamental para gerar a cena cinematográfica que temos hoje, como o curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás, em Goiânia, e o curso de Cinema no Campus do Instituto Federal Goiano, na Cidade de Goiás. É inegável que o Fica inspirou a criação em Goiás de vários festivais não temáticos e independentes como o Goiânia Mostra Curtas e a Mostra O Amor, A Morte e as Paixões – para ficar nos mais longevos, e também a implantação dos cursos de graduação em audiovisual ou cursos de curta duração e até mesmo as oficinas e debates que levaram ao tão esperado desenvolvimento do cinema goiano. Vale lembrar que, apesar das mostras específicas para filmes feitos no estado, como a Mostra do Cinema Goiano e a Mostra Becos da Minha Terra, obras produzidas em Goiás também integram a mostra principal do festival.
MOSTRA INTERNACIONAL WASHINGTON NOVAES
A Mostra Competitiva Internacional traz ao festival obras de gêneros e durações diversas, focadas na questão ambiental. Desde 2021, ela leva o nome do jornalista Washington Novaes, que, ao longo de sua carreira, tornou-se paradigma de jornalismo ambiental, apontando e denunciando, por meio da ciência, pelo senso crítico e também da empatia, questões ambientais de grande relevância. Sua participação como consultor do FICA também foi essencial para a definição de uma identidade específica que tem sido utilizada como um norte para cada edição do evento, que neste ano está centrado no tema Tecnologia, Inovação e Mudanças climáticas.
Na 25ª edição do festival, a Mostra Washington Novaes apresenta 14 obras originárias do Brasil, Portugal, Irã, Nigéria, México e Espanha, que trazem reflexões e críticas em questões ambientais diversas. Além de discutir problemas atuais, a mostra apresenta títulos importantes no debate para mudanças que podem ser decisivas na relação entre o ser humano e a natureza. Entre os filmes selecionados, 6 são de longa-metragem e 8 de curtas e média-metragens. Entres os títulos brasileiros, há obras de Goiás, Distrito Federal, Pará, Amapá, Rio de Janeiro e São Paulo.
Filmes em competição
Longas-metragens
De longe toda serra é azul
Doc I Brasil/Brazil (DF) I 85´ I 2023
Direção/Direction: Neto Borges
O indigenista e escritor Fernando Schiavini, de 71 anos, revisita lugares e aldeias por onde passou na década de 70, época em que pouco se conhecia sobre o chamado “Brasil profundo”. O roteiro do filme é baseado em livro de sua autoria e resgata a história do indigenismo brasileiro, que é narrada por quem a viveu e ajudou a escrevê-la a partir da linguagem da solidariedade.
Itu Ninu
Experimental I México, Experimental I 72′ I 2023
Direção/Direction: Itandehui Jansen
No futuro não tão distante de 2084, Ángel encontra-se preso como um migrante climático numa cidade inteligente não especificada, onde sofre vigilância constante. Nesse lugar sombrio e opressivo, ele cultiva plantas, preservando a sabedoria murcha das sementes. Em meio a uma paisagem desolada, Ángel cruza o caminho de Sofia, outra migrante climática que trabalha numa instalação de reciclagem.
Línguas da floresta
Doc I Brasil/Brazil (RJ) I 72′ I 2024
Direção/Direction: Juliana de Carvalho, Vicente Ferraz
O filme faz uma imersão na diversidade cultural amazônica através da história, das vivências e contradições de homens e mulheres que se dedicaram ao estudo das línguas dos povos originários dessa imensa região do planeta. O filme destaca a experiência acumulada no Alto Rio Negro, principalmente no município de São Gabriel da Cachoeira, que possui uma das maiores concentrações de idiomas do planeta: são 18 etnias se comunicando por meio de quatro grandes famílias linguísticas ramificadas em duas dezenas de idiomas.
Los dias que vivimos
Doc I Espanha/Spain I 109′ I 2023
Direção/Direction: Chus Barrera, Pablo Barrio
Há mais de um mês os habitantes do Vale do Aridane (La Palma, Ilhas Canárias) tentam conviver com um vulcão em atividade que continua o seu avanço destrutivo e cujo fim não parece próximo. À medida que a lava esculpe uma nova paisagem, também transforma os moradores que restaram na região, virando as suas vidas de cabeça para baixo e depois reconstruindo-as das cinzas.
Não haverá mais história sem nós
Doc I Brasil/Brazil (PA) I 76′ I 2024
Direção/Direction: Priscilla Régis Brasil
Submersos no mar de greenwashing que os afoga diariamente, dois realizadores amazônicos resolvem denunciar, nesse manifesto em filme, as entranhas do histórico processo de invenção e exploração da floresta como um jardim do éden inesgotável. Entre Munique e Belém, eles revelam como o racismo e o preconceito, do Brasil e do mundo, até hoje se organizam na ideia do “vazio demográfico”, selvagem e incapaz de falar por si.
Utopia Tropical (Tropical Utopia)
Brasil/Brazil (DF), 2023, Animação/Documentário/ Animation/Documentary, 77′
Direção/Direction: João Amorim
O linguista e analista político norte-americano Noam Chomsky e o diplomata brasileiro Celso Amorim discutem os caminhos e acontecimentos do processo civilizatório dos povos da América Latina e particularmente do Brasil.
Curtas e médias-metragens
Bibiru: Kaikuxi Panena
DOC I Brasil/Brazil (SP/AP) I 59′ I 2023
Direção/Direction: Latsu Apalai, André Lopes
O filme conta a história de Bibiru, um kaikuxi (cachorro) que ficou panena, sem sorte na caçada, e a tentativa de cura do seu dono Waranaré Wayana para voltarem a caçar juntos. Numa intensa caçada, jovens aprendem sobre a origem dos cachorros ancestrais e os cuidados que devem continuar tomando ao caçar em seu território. As reflexões indígenas sobre as relações entre humanos e não humanos ajudam a iluminar as próprias interações que os não indígenas estabelecem com os animais dos quais se alimentam. Todas as imagens foram realizadas por jovens Wayana e Apalai, que aprendiam a filmar pela primeira vez na aldeia Bona (PA).
Big Bang Henda
Doc I Portugal I 22′ I 2023
Direção/Direction: Fernanda Polacow
Derrubar estátuas e símbolos, construir novas memórias, enquadrar a paisagem destruída, escrever cartas ao futuro, inverter dinâmicas de poder: Big Bang Henda é um documentário-poesia-manifesto sobre a obra do artista angolano Kiluanji Kia Henda. Através das suas criações e reflexões, que estão na vanguarda do pensamento anticolonial, somos levados a refletir sobre as gerações que cresceram durante ou após a guerra pela independência de Angola e o modo como reinterpretam esse acontecimento.
Consumidos
Brasil/Brazil (GO), Animação/Animation, 15′
Direção/Direction: Caco Pereira
No futuro, a comida se torna um artigo de luxo e a maioria da população se alimenta de comprimidos. Lázaro, nosso protagonista, anseia pelo prazer de “realmente” comer.
Floresta – Um jardim que a gente cultiva
Doc I Brasil (SP) I 42′ I 2023
Direção/Direction: Mari Corrêa
A luta dos povos indígenas pelo território é uma luta ultrapassada? É uma luta primitiva? É uma luta para voltar ao passado? Floresta – Um Jardim que a Gente Cultiva revela um novo olhar sobre as relações entre floresta e povos indígenas e seu papel fundamental no combate à crise climática para a garantia da nossa própria existência.
Juvana de Xakriabá
Doc I Brasil/Brazil (GO) I 25′ I 2024
Direção/Direction: Silvana Beline
Juvana, uma jovem estudante indígena, entrevista mulheres guerreiras de diferentes etnias no acampamento Terra Livre, em 2019, revelando histórias de luta, resistência e esperança. As narrativas destacam a importância da preservação das tradições ancestrais e a força das mulheres indígenas na defesa de seus territórios e na promoção da justiça ambiental.
Little Baluches
Doc I Irã/Iran I 62′ I 2024
Direção/Direction: Raya Nasiri
ShirAbad é um bairro no subúrbio da cidade de Zahedan, na província de Sistão-Baluchistão, no Irã. O filme busca retratar a população à espera de um futuro melhor, apesar de suas privações, mas foca no retrato das crianças cujos corações batem por um futuro brilhante.
Madruga bikes
Doc I Brasil/Brazil (GO) I 24′ I 2024
Direção: Larry Machado
Claudiomar Felipe, também conhecido como Madruga, é inventor e customizador de bicicletas e atualmente está reformando seu projeto mais antigo.
The Water Manifesto: Osun
Doc I Nigéria/Nigeria I 51′ I 2022
Direção/Direction: Anuoluwapo Adelakun
O documentário investiga o mundo da mineração ilegal de ouro no estado de Osun, na Nigéria, que levou à poluição do rio Osun e afetou o meio ambiente e os meios de subsistência de milhões de pessoas. Nesta jornada vem à tona todo um ecossistema de ganância e corrupção que coloca as gerações futuras em risco.
Mostra do Cinema Indígena e de Povos Tradicionais
Longas-metragens
A transformação de Canuto
Doc I Brasil/Brazil (PE/SP) I 130′ I 2023
Direção/Direction: Ariel Kuaray Ortega, Ernesto de Carvalho
Em uma pequena comunidade Mbyá-Guarani, situada entre o Brasil e a Argentina, todos conhecem o nome Canuto: um homem que muitos anos atrás sofreu a temida transformação em uma onça e depois morreu tragicamente. Agora, um filme está sendo feito para contar a sua história. Além de tentar descobrir por que isso aconteceu com ele, a comunidade enfrentar um grande dilema: quem na aldeia deveria interpretar o seu papel?
Mátria amada Kalunfa
Doc I Brasil/Brazil (GO) I 70′ I 2022
Direção/Direction: Lak Shamra, Thassio Freire
Após a calamidade pública da enchente do Rio Paranã de 2022, 27 mulheres Kalunga de Goiás compartilham suas origens e seus cotidianos atuais. A comunidade Kalunga concentra-se na região nordeste de Goiás e representa um dos principais focos de resistência da cultura quilombola do estado.
Sekhdese
Doc I Brasil (PE) I 86′ I 2023
Direção: Graciela Guarani, Alice Gouveia
“Sekhdese” significa “sabedoria”, em Yathê, língua do povo Fulni-ô, do Nordeste do Brasil. O filme resgata a sabedoria das mulheres indígenas, expondo a luta pela terra, cultura, meio ambiente e o etnocídio do qual são vítimas graças às investidas das igrejas neopentecostais.
Curtas-metragens
Caminhos ciganos
Doc I Brasil/Brazil (MT) I 24′ I 2023
Direção/Direction: Aluízio de Azevedo
Codireção/Codirection: Rodrigo Zaiden, Karen Ferreira
Os caminhos que levam ao universo romani em três países — Brasil, Portugal e França — são apresentados numa narrativa poética e intimista, inspirada na estética do premiado cineasta cigano Tony Gatlif, diretor de Lacho Drom (1992) e Gadjo Dilo (1997). Em destaque, as culturas ciganas vistas de dentro, valorizando imaginários próprios. A viagem começa com a família de um cineasta da etnia Calon, em Mato Grosso, que corta o Brasil e atravessa o Oceano Atlântico para reencontrar sua ancestralidade, registrando cada comunidade, seus personagens e cotidianos marcantes. Além de nuances de manifestações culturais, modos de vida e tradições romani, o documentário registra também denúncias de exclusão e perseguição históricas sofridas pelos povos ciganos.
Meada cor Kalunga
Doc I Brasil/Brazil (GO) I 24′ I 2022
Direção/Direction: Marta Kalunga, Alcileia Torres, Ana Luíza Reis de Sá
Assim como dois troncos de raízes fortes do Cerrado, as duas “cumades” Marta Kalunga e Dirani Kalunga preparam as meadas e o tingimento no quilombo Vão de Almas de Goiás.
Nossa terra
Doc I Brasil/Brazil (AM) I 14′ I 2023
Direção/Direction: Maxwell Polimanti, Adriana Farias
O documentário Nossa Terra é uma jornada pela riqueza cultural e sabedoria ancestral dos agricultores indígenas da etnia Tuyuka, que habitam a região do Rio Negro, na Amazônia. Com mais de 300 variedades de plantas, frutas e vegetais cultivados, eles contribuem fornecendo alimentos saudáveis para a cidade e mantêm uma relação íntima com a terra e suas tradições. Entre os destaques do filme, estão o “ajuri” e a “capoeira”, trabalho coletivo e processo do roçado, em especial o cultivo da mandioca, essencial em sua cultura e subsistência. Reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil, esse sistema agrícola é um testemunho vivo da harmonia dos povos-floresta, mas que está em risco pelos impactos das mudanças climáticas causadas pelas atividades humanas que degradam o meio ambiente.
Pyr
Doc I Brasil/Brazil (PA) I 2′ I 2023
Direção/Direction: Bepunu Kayapó
Kokopy prepara o urucum para pintar a família, um importante ritual em sua comunidade. O diretor do curta, Bepunu Kayapó, vive na aldeia Moikarakô, município de São Félix do Xingu, no estado do Pará, e se dedica, por meio do cinema, a divulgar a cultura do seu povo.
Tuire, o gesto do facão
Doc I Brasil/Brazil (PA) I 9′ I 2023
Direção/Direction: Simone Giovine, Coletivo Beture
A guerreira Tuire, liderança Mēbêngôkre, relata para o neto Patkore detalhes sobre o lendário gesto do facão que ela protagonizou, em 1989, em Altamira. Na ocasião, durante uma audiência pública, é discutida a construção da usina hidroelétrica de Belo Monte, quando ela, por três segundos, passa um facão no rosto do então presidente da Eletronorte.
Vãhn gõ tõ laklãnõ
Doc I Brasil/Brazil (SC) I 25′ I 2022
Direção/Direction: Barbara Pettres, Flávia Person, Walderes Coctá Priprá
Uma arqueóloga, um poeta, um pastor e Kujá, uma professora, além de um cantor de rap, remontam a história do seu povo, os Laklãnõ/Xokleng, habitantes do sul do Brasil. Juntos, eles buscam traduzir o tempo do mato, a quase extinção, a retomada da língua e cultura e o protagonismo político.
Mostra do Cinema Goiano
Longas-metragens
Capim navalha
Brasil/Brazil (GO), 2023, Documentário, 90′
Direção/Direction: Michel Queiroz
O documentário retrata questões vividas de forma empírica por personagens trans na Chapada dos Veadeiros. Em foco, pessoas diferentes entre si, complexas por suas trajetórias retratadas em imagens, sons, territórios corporais, geografia, decoloniais, interseccionais, e suas vivências LGBTQIAPN+. O filme apresenta narrativas de gênero dissidentes, elaborando fricção e alteridade com análise sobre a biopolítica e a necropolítica que permeiam a sociedade nos cis-temas dentro do Centro-Oeste.
Diaspóricas 2
Doc I Brasil/Brazil (GO) I 75′ I 2023
Direção/Direction: Ana Clara Gomes
As histórias das musicistas goianas Flávia Carolina, Kesyde Sheilla, Maximira Luciano e Inà Avessa se cruzam em um encontro musical e ancestral inédito para rememorar o passado e pensar um afrofuturo de possibilidades ao povo negro. Elas são terra, fogo e ar que, quando se encontram, tornam-se o movimento das águas para fazer fluir a vida por meio da música.
Granada
Doc I Brasil/Brazil (GO) I 71′ I 2024
Direção/Direction: Benedito Ferreira
O bailarino Dom anda elegante com seu lenço de poá pelas ruas do centro de Goiânia enquanto o diretor Benedito Ferreira segue em seu esforço cotidiano de observação e fotografias da cidade. Uma tentativa de retrato, um breve diálogo e, de repente, os dois se sentam em um bar para conversar. Desse encontro fortuito, nasce uma amizade e um plano para um último e grandioso espetáculo de dança flamenca no Centro-Oeste do Brasil.
Curtas-metragens
A chuva do caju
Doc I Brasil/Brazil (GO) I 21′ I 2023
Direção/Direction: Alan Schvarsberg
No coração de um vale escondido nas profundezas do Brasil central, Seu Alvino e Dona Neusa plantam e colhem o que a terra dá, como o cajuzinho do cerrado e o baru. Após mais de dois séculos, o tempo continua passando lento no quilombo Vão de Almas, no Nordeste goiano, apesar da seca cada vez mais severa.
Aurora frugum
Experimental I Brasil/Brazil (GO) I 11′ I 2024
Direção/Direction: Dan Oliveira
Cores adulteradas, aromas artificiais e texturas enganosas. Uma experiência subversiva se desenrola, confrontando não apenas a percepção, mas também a moralidade por trás daquilo que consumimos.
Mel tamarindo
Experimental I Brasil (GO) I 25′ I 2023
Direção: Izabela Nascente
Mel Tamarindo é uma peça-filme da Cia. Ju Cata-Histórias criada a partir de três músicas de Siba Veloso. Suas composições trazem uma poética particular nas letras, com traços de humor e sagacidade e um mergulho em importantes tradições populares pernambucanas, como o Maracatu Rural, a Ciranda e o Cavalo-marinho. Transitando entre as ideias sobre o tempo, o bicho-gente e a festa, os atores Kesley Rocha, Juliana Mado e Vinícius Bolívar dançam, encenam e transitam entre o universo onírico e o cotidiano.
Pirenopolynda
Doc I Brasil/Brazil (GO) I 24′ I 2023
Direção/Direction: Izzi Vitório, Tita Maravilha, Bruno Victor
Em Pirenópolis, a Festa do Divino acontece há 200 anos. Tita nasceu na pequena cidade e guarda memórias afetivas preciosas sobre a festa. Anos depois, ao revisitar essas memórias, a artista pretende reconstruir e retradicionalizar a festa sob um viés afetivo decolonial.
Sobra a cabeça os aviões
Doc I Brasil/Brazil (GO) I 19′ I 2022
Direção/Direction: Amanda Costa, Fausto Borges
A partir do crime que envenenou 92 pessoas em 2013, na Escola Municipal Rural São José do Pontal, em Rio Verde (GO), o curta-metragem revela os impactos da pulverização aérea de agrotóxicos na vida e no futuro de crianças em comunidades do campo em Goiás. Entre o encantamento e o medo, a narrativa é conduzida a partir de seus próprios olhares.
Um homem nu
Fic I Brasil/Brazil (GO) I 21′ I 2023
Direção/Direction: Viviane Goulart
Instigado com um acontecimento em seu bairro, Marcão mata sua curiosidade ao encontrar Jenny, a rainha da latada, que conta a ele sobre sua noite com Gilberto, e a surpresa feita por Primo e Rato.
Mostra Becos da Minha Terra
Bdeery
Doc I Brasil/Brazil (GO) I 13′ I 2023
Direção/Direction: Hélio Simplício
O documentário acompanha a trajetória estudantil em uma universidade pública de uma estudante indígena Karajá na busca por conhecimento fora da aldeia. Os desafios enfrentados por essa estudante em se manter na universidade e morar longe de sua aldeia e sua família são também a realidade de muitos estudantes indígenas Brasil afora.
Chuva – Este filme não é meu
Doc/Experimental I Brasil/Brazill (GO) I 14′ I 2023
Direção/Direction: Antônio Fabrício Evangelista Barbosa
Composto por imagens e sons coletados na internet e ressignificados no processo de montagem, este ensaio poético-visual parte do itan (relato místico) “Obaluaiê tem as feridas transformadas em pipoca por Iansã”. Nessa reverência às iyabás Iansã, Nanã e Iemanjá, a potência de suas características e ritmos dão ensejo a uma reflexão sobre transformação, encantamento e movimentos cíclicos.
Filme método
Doc I Brasil/Brazil (GO) I 14′ I 2023
Direção/Direction: Henrique Rocha Hernandes
Filme Método aborda as relações entre cinema e educação com práticas aplicáveis de realização de oficinas técnicas e teóricas com a turma do 9º ano. O curta-metragem relaciona memória, identidade e território, a partir da história da professora Terezinha de Jesus Rocha, nomeada pelo reconhecimento do seu trabalho pedagógico em seus anos de vida na escola da Buenolândia.
Noia
Fic I Brasil/Brazil (GO) I 3′ I 2023
Direção/Direction: Vincent Glen Gielen, Gabriel Tavares
Por mais que se corra, há coisas nessa vida de que não se pode escapar. Uma simples caminhada pode se transformar em uma fuga para resguardar a integridade física e a sanidade mental.
Pop star
Fic I Brasil/Brazil (GO) I 8′ I 2024
Direção/Direction: Arthur Oliveira Cintra, Lakshmi Hardy, Vincent Glen Gielen
Arthur Cintra é um músico que almeja fama e sucesso, mas sua vida parece não correr tão bem e seus sonhos distantes de serem concretizados. Porém, às vezes, é preciso ir um pouco mais longe para se encontrar o tão almejado sucesso.
Portellas na estrada
Doc I Brasil/Brazil (GO) I 17′ I 2023
Direção/Direction: Coletivo 1º A.v.
A Cidade de Goiás recebe diariamente turistas e cada um traz consigo histórias que merecem registro. Djalma Araújo esteve conosco, o Coletivo 1º A.v., em entrevista na entrada do IFG-Goiás. Compartilhou experiências do passado e seu atual modo de vida, morando em seu motor-home. Ele revelou sobre sua participação como testemunha ocular na história do cinema nacional, e as circunstâncias em que conheceu seu pai, com 70 anos de idade.
Revolução dos bustos
Fic I Brasil/Brazil (GO) I 8’ I 2023
Direção/Direction: Antonio Carlos Gomes
Na Cidade de Goiás, a chegada de um busto traz consigo um destino enigmático, envolvendo Serafim em uma caminhada pelas ruas e praças, em busca da revelação do mistério.
Sujas de carmim
Brasil/Brazil (GO), 2022, Ficção/Fiction, 15′
Direção/Direction: Silvana Beline
Duas mulheres de classes sociais diferentes, unidas pela paixão por um cantor brega, viajam do Sul e Centro-Oeste do Brasil até Minas Gerais para homenageá-lo após sua morte.
Tempo tormento
Fic I Brasil/Brazil (GO) I 15′ I 2023
Direção/Direction: Agla Manzan
Cecília é uma jovem escritora que luta contra o vazio emocional causado pela pandemia do Covid-19 e pela perda da namorada. Emily Dickinson, a famosa poeta do século XIX, surge para se tornar uma figura mentora em sua imaginação, inspirando-a a redescobrir sua poesia e a embarcar em uma jornada onírica de palavras e memórias.
Yané Kérupi – Mulheres indígenas nas artes
Doc I Brasil/Brazil (GO) I 11′ I 2023
Direção/Direction: Saracura do Brejo
O Brasil inteiro é terra indígena, mas diante de um contexto de guerra que se estende há mais de 500 anos contra esses povos, como a arte feita por mulheres indígenas pode transformar esse cenário?