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Imagem: La Navidad de Juanito Laguna (Antonio Berni, 1961, detalhe)
Imagem: La Navidad de Juanito Laguna (Antonio Berni, 1961, detalhe)
Imagem: La Navidad de Juanito Laguna (Antonio Berni, 1961, detalhe)

Luís Araujo Pereira em Espirais Professor e escritor | Publicado em 22 de dezembro de 2024

Luís Araujo Pereira
Professor e escritor
22/12/2024 em Espirais

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Jereba

Ansioso e trêmulo, os dois sintomas entrelaçados como serpentes – foi assim que Jereba acordou naquela manhã que antecedia ao grande golpe. Ainda sob o efeito da noitada que tinha acabado de encerrar, a ressaca moendo as suas vísceras, perguntou como se estivesse receio de esquecer a ação que estava prevista para as próximas horas:

“E aí, cara, o lance inda tá de pé?”

O comparsa, porém, respondeu mal-humorado quando foi inquirido:

“Pô, cara, que saco, me deixa dormir!” – reclamou e empurrou o lençol pro lado, saltou da cama e caminhou em direção à geladeira.

Com cuidado, pra não irritar mais o companheiro, Jereba procurou explicar-se:

“É que eu preciso saber os manejos da parada, mano, se não a minha chefia pode ser prejudicada.”

“Qualé, cara, num falei ontem? Ocê é burro? Tá cum os ouvido tampado? Cheira mais uma e se sossega-se…”

Jereba era um marginalzinho que não passava vergonha diante dos colegas porque tinha feito o segundo grau e sabia algumas coisas, mais do que precisava. Ele tinha ainda uma calma que o diferenciava dos outros bandidos: só atirava se fosse pra se defender, nunca por maldade. Toda vez que colocava a arma na cintura, persignava-se.

“Cara, num esquenta, será tudo maneiro! Coisa de bróder. Se não tiver vacilo, a gente monta na grana!” – e voltou pro leito e se cobriu com o lençol encardido.

Havia algum tempo, Jereba andava desconfiado de que estava sendo enrolado. O seu cupincha nunca explicara direito o que ele deveria fazer nem comentara sobre o local onde ocorreria o golpe. Numa esperança modesta, só pretendia ter sorte no lance e pegar um monte de grana pra fazer uma surpresa em casa. Nunca pudera oferecer uma ceia de Natal à sua família. Por isso, gostaria agora de realizar uma baita festa. A vozinha, a mãezinha e a irmãzinha, cada uma delas, mereciam um agrado. Antes de desaparecer da cidade, pois esse era o seu plano, gostaria de chegar ao barraco carregando uma enorme cesta.

“Feliz Natal, meninas, Feliz Natal!” – exclamaria na entrada da casa.

Jereba estava nesse devaneio quando se deu conta de que era dominado por uns caras que apareceram sorrateiramente. Um deles deu-lhe logo uma porrada no ouvido, para amolecê-lo. Pela última vez, em sua  breve vida neste mundo, ouviu o que o seu parça dissera:

“Apaga logo esse mané e prepara o corpo pro golpe!”

Em sua hora derradeira, Jereba teve a impressão de que ouvia sinos. Seria por causa da pancada? Apesar da revolta que sentia por ter sido enganado, pensou por último que bastaria a piedade do Menino Jesus para que houvesse um milagre de Natal – e a sua alma fosse poupada do fogo eterno.

Tag's: conto, literatura, literatura goiana, Luís Araujo Pereira

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