Recebo por e-mail a programação do 15º Festival da Federação de Teatro de Goiás (Feteg) e as lembranças de outros tempos me vêm à memória. Nos idos dos anos 1990, passei a acompanhar de perto a cena teatral em Goiânia e também os festivais. Foi um período rico, que fortaleceu o meio cultural, proporcionando o surgimento de muitos nomes, companhias e grupos ainda hoje atuantes.
Grupos de Goiânia, Mineiros, Jataí, Porangatu, Anápolis, Aparecida de Goiânia e outras cidades disputavam com muito entusiasmo a premiação, que consistia, na maior parte das vezes, apenas em troféu. Muitos vinham para Goiânia com recursos próprios, porque o dinheiro para a realização do evento não era suficiente para as despesas de todos os concorrentes. Não havia ainda as leis de captação. Apesar da simplicidade das produções e das limitações de seus criadores, havia um intenso burburinho para saber quem seria o vencedor, o que não vai ocorrer dessa vez.
À época presidida por Eurípedes de Oliveira, que depois de alguns mandatos passou o bastão para Antônio Delgado Filho, seguido posteriormente por Norval Berbari, a Feteg chegou aos anos 2000 sob o comando de Danilo Alencar. O cargo agora pertence a Ana Cristina Evangelista, do Zabriskie Teatro. Todos sabem não ser fácil presidir uma entidade que tem sérias dificuldades de sobrevivência, com poucos recursos em caixa. A máxima no meio é “ficou inviável fazer teatro sem patrocínio”. De artista em início de carreira aos nomes consagrados, todos sofrem com a falta de apoio para a cultura.
Felizmente, ninguém desiste. Ana Cristina, com entusiasmo e disposição, foi à luta, contornou problemas, fez captação na Lei Goyazes de Incentivo à Cultura e coloca em cena um evento que é uma tradição. Não fosse isso, nada poderia ser feito.
É admirável a luta da categoria para dar continuidade ao festival, que agora se resume a uma grande mostra de teatro, sem concorrência nem premiação. A programação de 2017 está restrita aos artistas de Goiânia, o que é uma pena, porque impede a abrangência de produções de outras cidades do Estado. O programa foi diluído em diferentes espaços da capital e de Aparecida de Goiânia para atingir todo tipo de plateia.
Entre os espetáculo selecionados, estão O Cabra Que Matou as Cabras, da Cia. Nu Escuro, A Clara de Ovo, do diretor Danilo Alencar, Assombração, da Esqueteria Macacos, e Despertar da Primavera, da Cia. Anthropos. Nenhuma produção é inédita, infelizmente. Nos 12 dias do festival, estarão em cartaz 19 espetáculos de gêneros diversos, nos Teatro Zabriskie, Sonhus Ritual e Teatro do IEG, em Goiânia, e Teatro Cidade Livre, em Aparecida de Goiânia. Haverá apresentações também no Bosque dos Buritis, Praça Universitária, e em duas escolas públicas. Estão previstos também dois diálogos e 10 oficinas relacionadas ao fazer teatral.
PROGRAMAÇÃO
17/08 − quinta
20h – Mundo Cão, Coletivo Curiar Feteg
18/08 − sexta
19h – Assombração, Grupo Esqueteria de Macacos
21h – Sertãohamlet, Sertão Teatro Infinito Cia
19/08 − sábado
19h30 – Maria Bonita Flor de Mandacaru,
Cia. Teatro do Maleiro Formas Animadas y Títeres
20/08 − domingo
10h – Dois Patetas Espatifados – Trupicão Cia de Teatro
19h – O Cabra que Matou as Cabras – Cia de Teatro NU Escuro
22/08 − terça
20h – O Fim de um Começo – Cia de Teatro Boca Grande
23/08 -quarta
21h30 – A Plástica (Des)Necessária – SemNome CiaTeatro
24/08 − quinta
15h30 – Era Uma vez – Lendas Indígenas – Grupo: Experimental de Teatro – GET
Escola Estadual Gracinda de Lourdes
21h – Dalí – Cia Benedita de Teatro
25/08 − sexta
15h30 – Guardiões da Natureza – Grupo: Zumbi dos Palmares
Escola Estadual Gracinda de Lourdes
19h – A Caravana da Ilusão – Trupe dos Cirandeiros
21h – Katatonisch – Grupo Bastet
26/08 − sábado
21h – A Clara do Ovo – Grupo Arte & Fatos – Puc Goiás
27/08 − domingo
19h – Farsa da Boa Preguiça – Grupo de Teatro Guará – Puc Goiás
20h – O Despertar da Primavera – Anthropos Companhia de Arte