O Festival de Cinema Brasileiro de Goiânia (Festcine) retornou à tela do Cinema Goiânia Ouro a partir desta segunda-feira, dia 23 de setembro, com a exibição do longa-metragem Encantados, de Tizuka Yamasaki. Com exceção da abertura, diferentemente das outras edições e do que indica o próprio nome do festival, esta 9ª edição do evento, promovida pela Secretaria Municipal de Cultura, é exclusivamente dedicada à produção cinematográfica goiana. A entrada é gratuita.
Ao todo, serão exibidos 22 filmes, entre curtas e longas-metragens, de ficção, animação e documentário. As sessões terão início às 19h30.
A programação do festival mistura a nova geração a veteranos do cinema goiano, como Ângelo Lima, que ganha na noite desta terça-feira, dia 24, uma mostra exclusiva de filmes inéditos: o curta Sagrado e o média-metragem Congo é Terno, ambos de 2019.
O diretor é um dos homenageados do festival, ao lado da montadora Juliana Corso e da diretora de arte Úrsula Ramos. In memorian, também serão homenageados o escritor e crítico de cinema paulista Rubens Ewald Filho e o documentarista goiano Luiz Cam.
Longas goianos
A 1ª Mostra de Longas Goianos Rubens Ewald Filho, em homenagem ao crítico de cinema que participou de várias edições do Festcine, será aberta na quarta-feira, dia 25 de setembro. Com curadoria de Tizuka Yamasaki, a seleção traz 10 títulos com filmes já conhecidos de outros festivais – as inscrições foram abertas a produções a partir de 2014, misturados a títulos recém-saídos do forno.
A variedade das datas de produção gerou certa desconfiança no meio cinematográfico goiano, não sem razão, afinal, longas que já encerraram sua trajetória nos circuitos de festivais e no circuito comercial vão concorrer no mesmo páreo com produções inéditas pelos R$ 86 mil em prêmios oferecidos pelo festival. Porém, a mostra acaba trazendo um painel sem precedentes do audiovisual em Goiás – afinal, até poucos anos atrás conseguir dez títulos (metade documentário e metade de ficção) feitos em Goiás e/ou por goianos com qualidade para exibição num festival não passava de um sonho distante.
Entre as produções, há longas premiados em outros festivais como Fica, Gramado e Tiradentes, caso dos documentários Taego Ãwa e Parque Oeste, dos dramas As Duas Irenes e Dias Vazios. Estes serão exibidos ao lado de filmes de 2019 como Água da Fonte, Sem Retorno e Mr. Leather.
A abertura da mostra de longas será com Sem Retorno, ficção dirigida por Rosa Berardo. O protagonista da trama, Pedro, é um vendedor de eletrodomésticos que sonha em ter sucesso financeiro. A segunda sessão da noite traz o documentário Taego Ãwa, dos irmãos Henrique Borela e Marcela Borela. A produção, de 2016, resgata a memória da violência e do desterro que vitimaram os povos indígenas em Goiás e Tocantins. O longa-metragem já foi premiado em diversos festivais, entre eles o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental de Goiás (Fica).
Na quinta, 26, o primeiro longa a ser exibido é o documentário Parque Oeste, de Fabiana Assis. A protagonista é uma mulher que perdeu o marido durante o conflito entre forças policiais e os líderes de uma ocupação na periferia de Goiânia, o Parque Oeste, um dos capítulos mais trágicos da luta pela moradia na capital. O longa, de 2018, já foi exibido em vários eventos do gênero e premiado no Festival de Tiradentes.
Em seguida, serão exibidos dois títulos do cineasta Robney Bruno. O primeiro é o curta documental Além dos Muros, de 2018, que retrata a resistência de estudantes contra o projeto do governo de transferir a gestão das escolas públicas para as chamadas OSs. Após o curta, será exibido o elogiado longa Dias Vazios, ficção sobre dois adolescentes do interior de Goiás que tentam descobrir os motivos do suicídio de um rapaz e do desaparecimento de uma jovem dois anos antes, na mesma cidade. O roteiro é baseado no romance Hoje Está um Dia Morto, de André de Leones.
A cantora e folclorista goiana Ely Camargo é o tema do documentário Água da Fonte, produção que abre a programação da Mostra de Longas Goianos na sexta, 25. O longa, de 2019, tem direção de Thiago Camargo e do ator e diretor de teatro Júlio Vann.
O outro longa desta sessão é o drama Hotel Mundial, de 2018. Dirigido por Jarleo Barbosa, de Julie, Agosto, Setembro, o filme se passa num quarto de hotel em Buenos Aires, onde está hospedada Sofia, uma jovem artista que aguarda ansiosamente a chegada do namorado, Antônio, de Goiânia. No entanto, no reencontro, o casal percebe que tem muitas arestas para aparar.
O drama de época As Duas Irenes, de 2017, abre a programação de longas no sábado. O filme, ganhador de quatro Kikitos em Gramado e exibido no Festival de Berlim de 2017, narra a história de uma menina de 13 anos que descobre que o pai tem uma outra filha, de mesmo nome, com outra mulher. A direção é de Fábio Meira, que rodou a produção na Cidade de Goiás.
A sessão de sábado será encerrada com o documentário Mr. Leather, de 2019, sobre a segunda edição do Mr. Leather Brasil. O documentário sobre a comunidade fetichista gay de São Paulo tem direção de Daniel Nolasco.
No domingo, o longa de encerramento da mostra será o último filme do ator Nelson Xavier, Comeback, de 2016, que tem como protagonista Amador, um ex-pistoleiro que está aposentado. Para sair do fosso de ostracismo e do tédio num bairro de periferia, ele tenta voltar à ativa. A trama, com elementos de faroeste e filme policial, é dirigida por Érico Rassi.