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Foto: Camilla Angéllica Dantas
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Luís Araujo Pereira em Florações Professor e escritor | Publicado em 2 de dezembro de 2016

Luís Araujo Pereira
Professor e escritor
02/12/2016 em Florações

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Cinco poemas de Jamesson Buarque

                                                           (Curadoria de Luís Araujo Pereira)

[1]

Então nos disseram para temer

dizendo-nos que não tínhamos certezas

Chamaram-nos de ignorantes

rebatemos, mas de olhos líquidos

Insistiram que não sabíamos enxergar

respondemos, mas de dedos torsos

Acrescentaram que não tínhamos tato

então, confiamos, saindo do sonho

Dissemo-nos Isto não é certo, não é

não fazemos nada certo, e repetíamos

Isto não é certo, não é, não fazemos nada certo

e cedemos nossa cabeça em bandejas

deixamos nosso corpo e nossa casa

de mãos lavadas dando as costas a cipoadas

sem mais dizer

nada

 

[2]

À deriva não, não é à deriva

não há mar, foi sequestrado

quando houve, naquele tempo

quem naufragou, as horas suprimiram

No mar, quando alguém sucumbe

até o nome dos ossos se afogam

Não, não é, não é à deriva

não há túnel de vento, nem vento

a brisa já é uma velha desconhecida

quem a conheceu, o cemitério levou

Num túnel de vento, quem se perde

até as horas não presenciam

Estamos na escrita arruinada

sem morfologia nem sintaxe

e de nossa voz, o passado

já se olvidou que fomos um povo

Na ruína, do que fomos

nem o pesadelo resta

 

[3]

Somos insolúveis, e isso

não é drama, é tragédia

Olhamos adiante para repetir ontem

e quando envelhecemos

voltamos ao pretérito

Aí as horas nos enrijecem e jamais

tornamo-nos monumentos

Não nos adianta feriados nem férias

continuamos adiante

sem linha obtusa nem curva

Seguimos à vela, queimando

até extinguir nossas pernas

 

[4]

Não, nenhuma época foi

mais nem menos indigente do que esta

sabemo-nos existentes, é patente

somente da que vivemos, e não adianta

recorrer às enciclopédias

nem se imaginar no ciclo das águas

nelas não nos misturamos e passam

mas amamos, é verdade

uma sobressaltada mansidão

e até aprendemos a fabricar a calma

contudo, também odiamos

ou nos entregamos à invisibilidade

 

[5]

Para expatriar-se desta terra

sequer

precisamos sair dela

nem devemos

basta permanecer em seu colo

que logo sem teima

o exílio um dia chega

Estarmos lá não dá saudade daqui

que aqui já é

o lugar da ausência

Se alguém acaso disser Há horizontes

sabe-se, há horizontes em todo lugar

Se fizermos uma faxina

um dia

em todos os palácios desta terra e transformá-los

em casas de festa e de oferendas

aí deixaremos de aguardar

horas inexistentes

 

Perfil

Jamesson Buarque é autor de Novíssimo Testamento (UFG, 2004), vencedor do edital de seleção da Coleção Vertentes (UFG, 2002); de Pluviário Perpétuo (PUC-GO/Kelps, 2011); de outra troia (artepaubrasil, 2010), contemplado com a bolsa Funarte de criação literária (2009). Recentemente, publicou Meditações (martelo casa editorial, 2015). Em 2013 venceu, na categoria poesia, o 1º Prêmio Literário Lacordaire Vieira do Estado de Goiás, da União Brasileira dos Escritores, com o poema Revelação, integrante de Meditações. Em 2014, recebeu, da Academia Goiana de Letras, o Prêmio Goyazes de Poesia, nominado Prêmio Leodegária de Jesus, pelo conjunto da obra. É professor da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás, onde atua na área de Teoria e Crítica da Literatura, normalmente com as disciplinas de graduação Introdução aos Estudos Literários, Teoria do Teatro e Seminários de História da Literatura, e de Tópicos de Poesia na Pós-graduação. Realiza estudos sobre autoria literária, criação e ensino de poesia, bem como sobre poesia goiana.

Tag's: Jamesson Buarque, literatura, poesia de Goiás

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