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Foto: Layza Vasconcelos
Foto: Layza Vasconcelos
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Luís Araujo Pereira em Florações Professor e escritor | Publicado em 24 de agosto de 2018

Luís Araujo Pereira
Professor e escritor
24/08/2018 em Florações

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Cinco poemas de Thaise Monteiro

[Curadoria de Luís Araujo Pereira]

[1]

Confissão

Não lembro quando tomei para mim

a dolorosa tarefa de escrever o caos

moldado com lama

 

Dia após dias enchendo de morte os pulmões

procuro espantar a discórdia num escarro

embora em certas horas queira apenas

dar cabo do mundo num bocejo

 

Descansar desse ofício

sob as asas de um anjo decaído

nascido das entranhas

de uma estranha vaidade

 

Minhas mãos roídas por um cancro

indispõem-se a reger os acordes

da cólera divina

não quero mais nesse mundo canceroso

celebrar aniversários

̻ ̻ ̻

 

[2]

Luto

Tinha mania de enterro

de seguir nas ruas carros funerais

de chorar por defuntos não sabidos

 

Gostava da dor infinita

dos que embarcam entes

para viverem já mortos

a vaga ideia de Paraíso

perdida obscura

na escura tumba onde jazem

 

Era também dele

aquele sofrimento

o insepulto soluço dos que ficam

 

Era ele da divina orquestra

a falsa nota

tinha vivido o pesadelo enorme

de amar o que é doente

numa terra muda, seca, infértil

sempre a abrir crateras

por onde vaga

o réptil dos répteis

 

[3]

Equinócio

ecos equidistantes ecoando no caos

dias iguais às noites

dias e noites perdidas no cais

desatando nó

cultivando ócio

reproduzindo cio

nó

ócio

cio

equinócio

ciclo

̻ ̻ ̻

 

[4]

Máscaras

Há infindáveis minutos abriram as cortinas

e ainda estamos aqui

despreparados para tantos papéis

já cansados de tanta tragédia

para tanta comédia, ingênuos

apesar de afinados no uso das máscaras

 

Aguardamos adestrados

a salvação do último ato

̻ ̻ ̻

 

[5]

Do dia em que se faz anos

Tenho 28 anos

setenta e cinco centavos no bolso

e uma gastrite

já uma pequena úlcera

futuro câncer que decerto terei

herança de família

 

Tenho alguns poucos

mas bons amigos

e o contentamento de

ainda poder recordar

 

Levo um cigarro picado

ornamento de orelha

e os mortos por quem tanto chorei

 

Carrego ainda um romantismo

que cedo me foi incutido

e isso quase sempre me adoece

 

A noite também me é excessiva

 

Devo dizer que esse cheiro

de fósforo já mudo

a sombra dos rostos sob a luz dessas velas

nessa data que outrora fora querida

comovem-me

formam esses rios que umedecem meu sopro vazio

deixam a penumbra que traz consigo

um eco de palmas e sorrisos

e esta máxima Envelhecer é um privilégio

Perfil

Thaise Monteiro nasceu em Campo Grande (MS), em 29 de março de 1987. Goiana desde os dois anos de idade, descobre o gosto pela poesia e pelo teatro, fundando, em 2006, a Cia de Arte Poesia que Gira, na qual desenvolve trabalhos como atriz. Atua também em diversos grupos teatrais da capital goiana, como o Grupo de Teatro Guará, Farandôla Teatro, Grupo de Teatro Arte Fatos e o Corpo de Voz, grupo de vocalização de poesia. É autora da peça teatral Rato de biblioteca e de Modus operandi, livro de poemas que, em 2015, recebeu menção honrosa no Prêmio Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos e foi publicado em 2017 pela R&F Editora na coleção Pé de Letras. Em 2016, o livro Equinócio, também de poemas e em fase de publicação, foi distinguido com o prêmio na categoria poesia. Sobre o seu livro de estreia, Micheliny Verusnchk afirma, em prefácio, que os seus poemas são estruturados com “rigor e sensibilidade”, acrescentando ainda as seguintes observações: “Um olhar que ora transita da grande angular para a particularidade, que ora abre no singular aquilo que é geral. Nesse movimento, interessa à poeta principalmente o humano: a dor, a angústia, a solidão, a respiração. É, aliás, admirável o modo como se articulam esses movimentos e as noções de dentro e fora: como se fosse possível circular concomitantemente pelos espaços íntimos do sujeito poético e pelas paisagens que o circundam.” Na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás, concluiu o bacharelado em Literatura e a licenciatura em Língua Portuguesa em 2012. No ano de 2014, tornou-se mestra e, em 2018, doutora na área de Estudos Literários.

Tag's: poesia, poesia goiana, Thaise Monteiro

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1 comentários em “Cinco poemas de Thaise Monteiro”

  1. Danilo alencar disse:
    25 de agosto de 2018 às 07:34

    Me dei conta hoje de manhã com esses cinco poemas, deu vontade de dormir novamente, acordar e repetir este ato sagrado com sagradas poesias.

    Responder

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