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Luís Araujo Pereira em Florações Professor e escritor | Publicado em 22 de dezembro de 2019

Luís Araujo Pereira
Professor e escritor
22/12/2019 em Florações

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Cinco poemas de Diego Mendes Sousa

[Curadoria de Luís Araujo Pereira]

[1]

Canção do fio ao pavio

 Poesia,

 

cicatriz

de uma hóspeda

doidivanas.

 

Poema,

 

sangria

de uma invasora

despida.

 

Poeta,

 

operador

de uma desobediência

inacabada.

 

Musa,

 

febre

de uma moléstia

incurável.

 

Alma,

 

casa

de uma dor

inebriada.

 

Terra,

 

marejo

de um coração

pupilo.

 

Tempo,

 

o império

de um sonho

falido.

• • •

 

[2]

Elegia da lembrança do tempo

Outra vez cá estou,

mudo, calado, inabitado

em meus poemas de dor.

 

Bagagem de passageiro

vespertino

que viu tudo, teve nada,

na sua preservada carga

de ligeira saudade.

 

Passa o tempo,

Deus guarda.

 

Ou preserva o tempo

dilacerado, redivivo.

 

Que o tempo é sábio,

sabe muito e sabe pleno.

 

E divide a vida em espaços

de alegrias inúteis

no desafogo dos sonhos.

 

Outra vez cá estou

soturno, no presságio,

olho amargo

a arder em lágrimas secas

em maremoto sem água

como queima o coração

cheio

 

cheio de lembranças

cheio de cheiros

cheio de noites

cheio de passado

cheio de sentimentos

cheio de pássaros

cheio e extravasado

cheio…

 

cheio de mim

 

sou elo

            chuva

fluido

a recordar

            a serpentear

 

casa,

            jasmim,

                           memória

 

e a eternidade ao lado,

em outra porta

à saída desgovernada.

• • •

 

[3]

A tristeza secreta

Na sagração das letras mais secretas, perdi a árvore fraterna que levava o fio geográfico da alma.

 

O que tenho é uma fome de beleza a transfigurar-se em magia de passarinho.

 

Sei que irei voar.

• • •

 

[4]

Fortuna

A felicidade é um barco de muitos horizontes.

 

Chega à claridade de um futuro possível,

que nascerá do inóspito.

­ – no escuro da vida a ser vivida

 

Desobriga-se antes do tempo.

 

Reserva-se depois do necessário.

 

O ritmo é de descoberta.

O fundo, de náufrago resgatado.

 

Felicidade…

Nobre embarcação cheia de rumos!

 

Ora ordena paisagens

Ora se expande no íntimo,

no amarelecido de uma primavera extemporânea.

 

Felicidade é fortuna anciã.

 

Como a água que rebenta os sonhos esquecidos.

Como o pássaro que amplia as visões reencontradas.

 

– Liberdade conhecida!

 

Felicidade é barco de muitos horizontes…

• • •

 

[5]

Dossel da primavera invisível

Há muito,

a mocidade das quimeras

acena a sua dor de beleza

estrangulada.

 

O pequerrucho recolhera

jambos, carambolas e pitangas

na miragem do passado.

 

– Estrelinhas, de preferência as amarelas!

E a boca avermelhada pelo perfume azedo

dos frutos caídos de maduro, agora lembro,

na estrada que levava a sua tristeza luzidia

até o estirão do rio da sua infância alegre.

Guarda em segredo a folhagem

que a vida espalha fugidia

sobre a invisível aragem

no andamento do mistério eterno.

 

E os sonhos são pedrarias

atiradas na clareira da alma

em travessia.

 

Há muito,

e é em demasia o Tempo de Deus,

o horizonte sob tempestades

sempre se rasgara em clarões.

 

A criança vira, espantada,

a artilharia da poesia furiosa

a sangrar os seus olhos de cereja

na galantaria de um nevoeiro

– que cercara o coração amargo

e os cavalos despencaram

na aurora da serrania em magia

que circundara o jasmineiro

do seu quintal hoje esquecido.

 

A primavera é transitória

e passageira, bem sei de mim,

no mar que naufrago balzaquiano

as palavras temporãs!

Todavia a floresta interior

respira jovem!

 

Vem

e levanta e caminha e mira

e apossa a terra de dentro,

pequenino,

que a febre do seu retiro acre

de girassóis e de xananas

e de outras doces florezinhas reveladas

– assim como a tarde precoce que morre –

também suporta silêncios que sofrem.

Diego Mendes Sousa nasceu na Parnaíba, no litoral do Piauí, em 1989. Advogado, jornalista, indigenista e professor universitário. É poeta, cronista, pesquisador e ensaísta de literatura. Idealizador e organizador do selo Item de Colecionador, da Editora Penalux. Em 2019, foi agraciado com o Prêmio Mário Faustino da Diretoria da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro (UBE-RJ) pela obra Velas náufragas, escolhida melhor livro de poemas do ano. É autor de Divagações (2006); Metafísica do encanto (2008); 50 poemas escolhidos pelo autor (2010); Fogo de alabastro (2011); Candelabro de álamo (2012); Gravidade das xananas (2019); Tinteiros da casa e do coração desertos (2019); O viajor de Altaíba (2019), e Fanais dos verdes luzeiros (2019). Também recebeu as seguintes premiações: Prêmio Olegário Mariano (UBE-RJ, 2009);  Prêmio Castro Alves (UBE-RJ, Conjunto da Obra, 2013), e Prêmio João do Rio de Poesia da Academia Carioca de Letras (ACL, 2016). É membro titular do PEN Clube do Brasil, da Academia de Letras do Brasil, da Academia Brasileira de Direito e da Academia Piauiense de Poesia; sócio efetivo da Associação Nacional de Escritores (ANE) e da Confraria dos Bibliófilos do Brasil; e sócio correspondente da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro (UBE-RJ), da Academia Carioca de Letras (ACL), dentre outras instituições literárias pelo Brasil.

Tag's: Acre, Diego Mendes Sousa, Parnaíba, Piauí, poesia, poesia brasileira

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1 comentários em “Cinco poemas de Diego Mendes Sousa”

  1. ALBERTO ARAUJO disse:
    26 de janeiro de 2023 às 08:51

    São ótimas as poesias do companheiro Diego. É sempre bom a gente ler poesias boas. Adorei! Parabéns amigo. Felicidades. ALBERTO ARAÚJO.

    Responder

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