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Foto: Acervo familiar
Foto: Acervo familiar
Foto: Acervo familiar

Luís Araujo Pereira em Florações Professor e escritor | Publicado em 24 de outubro de 2021

Luís Araujo Pereira
Professor e escritor
24/10/2021 em Florações

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Cinco poemas de Fernando José Karl

[Curadoria de Luís Araujo Pereira / Seleção e perfil: Fátima Pinheiro, poeta e psicanalista]

[1]

Um  solo de silêncio para rede e peixe

O grande anjo noturno abraça

a noite lavada pela tempestade


(Regar o peixe é mais delicado

do que tecer rede para o luar)


Na mínima greta do penhasco

apenas um solo de silêncio.


(Regar a rede é mais profundo

do que insistir que a sombra vire peixe)


No silêncio respira o grande anjo noturno

Noite desembaraça fios de seda.


(Tecer a rede é melhor

do que rezar pelo peixe à beira do rio)


Estrela infiltra-se na greta do penhasco.

O silêncio profundo é em si movimento.

Brisa em Bizâncio, 2002

***


[2]

Fulgor de um lado, cristal do outro

Cindir o fulgor do cristal?


Não! O que cinde é o cristal,

e o fulgor aguarda no cais,


ou no cais cristal decepado em dois.


Cindir o cristal, nunca o fulgor.

Cristal é cristal, mesmo sem fulgor.


Fulgor tem nome: brevíssimo

como o poema-cristal.

Brisa em Bizâncio, 2002

***


[3]

Autorretrato em forma de concha

Este céu é para ser visto de joelhos.


Ao som do minério sagrado quase me invado,

duplo de estrela que serei.

Desenho mínimo de rios, 1997

***


[4]

Rosas

Não aos naufrágios, não à morte

que tinge de nada nossos lençóis.

Sim aos sóis, e há tantos

e se aprofundam em nossas águas.


Não fui sonhado para a eternidade.

Disso eu sei e com certa amargura.

Fui sonhado para ser sonhador

De certa matéria absurda e diamante.


Disso eu nada sei – de estar aqui.

E quase me iludo com esse chumaço

de rosas nas vértebras, rosas nunca criadas


por mim – mim – a mais absurda

das carnes e que arde paraísa chama

e sonha em ser nunca a morte, mas as rosas.

Diário Estrangeiro, Prêmio Cruz e Sousa de Literatura – 1986


[5]

O cacto das restingas

essas miçangas que teceste

na corda bamba de um x oracular:

miçangas mais silenciosas

que o gulf stream sombrio:

lunas que hablan com dunas

sobre o quê mesmo?:

sobre canastras de peixes

hablan las lunas ou cravam na língua

o tanino do mangue-bravo:

cada palavra de tua delicadeza

é um risco no portulano do areal,

onde abandonas as harmonias

de teu último íntimo y sanga ferina:

na jam de tua voz-cálix, a sereia entoa

a neblina vivificante da sirinx de Pã

no ilíaco dos náufragos:

tua escritura reacende no escrínio

a pétala e o cacto das restingas:

tua voz é a pele antiga dos abismos:

é a mandíbula renga das iguanas

que devora na penumbra

os ariticuns maduros:

com chuvas nas crinas tua voz é

um pingo no i,

um sopro inaudível:

um cântaro

Inédito, 2020

Perfil

Fernando José Karl (Joinville  – SC, 1961- 2021) deixou a agronomia para se dedicar à literatura, tornando-se um dos poetas catarinenses mais premiados, com mais de 18 livros publicados. Diário estrangeiro, Travesseiro de pedra e O livro perdido de Baroque Marina foram vencedores em edições diferentes do Prêmio Cruz e Sousa. Com Teares de pedra, venceu o Prêmio da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro em 2002. O romance Graco, o ventríloquo  foi vencedor do Anderle (2017) e foi traduzido para a editora alemã Suhrkamp Verlag. Escreveu o romance Hynverno (2021), que será publicado ainda este ano pela editora Letra d´água (SC). Vivia em Curitiba, trabalhou como artista visual e foi roteirista dos filmes As mortes de Lucana (2012) e o Aquário de Antígona (2016). Coordenou a oficina de Literatura FLUXUS e foi editor-assistente do jornal cultural paranaense Nicolau, editado por Wilson Bueno. Também trabalhou no suplemento cultural Anexo, do jornal A Notícia (PR). Realizou exposição de 20 desenhos a nanquim na Biblioteca Municipal de Curitiba  (1990).  Outras exposições com trabalhos seus foram: a coletiva Os bárbaros, no Instituto Goethe, em Curitiba/PR (1991); a exposição Dez Grafismos Marítimos de Fernando José Karl, no Museu do Mar, em São Francisco do Sul  (SC, 1994), e, em 1997,  a exposição individual Balneário Badgerd, na Galeria Lascaux, em Joinville.

Tag's: Fátima Pinheiro, Fernando José Karl, poesia, poesia brasileira, poesia catarinense, Santa Catarina

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