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Foto: Divulgação
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Gérard Emmanuel da Silva em Aboios Poeta e historiador | Publicado em 28 de julho de 2016

Gérard Emmanuel da Silva
Poeta e historiador
28/07/2016 em Aboios

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Nicolau de Figueiredo e a dança do canto interior

(Tradução de Luís Araujo Pereira)

De Paris, França   −  Quando Nicolau de Figueiredo gravou, em 2006, as sonatas de Scarlatti, ninguém teve dúvidas de que uma personalidade musical encontrava naquele momento a sua matéria-prima para se afirmar magistralmente. Ele começou os seus estudos de cravo em Genebra com Christianne Jacottet  −  sim, a mesma que participou das gravações dos Concertos de Brandeburgo na versão do maestro Schuricht. Ele trabalha em seguida com os mestres mais eminentes, como Gustav Leonhardt e Scott Ross, o que não o impediu absolutamente de dominar o órgão e o pianoforte.

Por sua vez, assumindo atividades de magistério, Nicolau de Figueiredo foi professor de arte lírica e de interpretação barroca na Schola Cantorum de Bâle (1990-2000) e no Conservatório de Paris (2004-2007), dando cursos e aulas no programa do Festival de Aix-en-Provence, do Centro de Música Barroca de Versalhes e no Conservatório Nacional Superior de Lyon, na Ópera Bastille, assim como na Universidade de Musicologia de Dortmund.

No Brasil, desenvolveu atividades semelhantes em Curitiba, Campos do Jordão e Belo Horizonte. Praticando o continuo no pianoforte e no cravo com René Jacobs para as gravações de duas óperas de Mozart (As Bodas de Fígaro e Così Fan Tutte), ele demonstrou uma vivacidade inventiva sem comparação, confirmada nas gravações seguintes de La Calisto (Cavalli), La Griselda (A. Scarlatti), Rinaldo (Haendel), Orfeu e Eurídice (Gluck).

Nicolau de Figueiredo. Foto: Divulgação

Nicolau: erudito e popular. Foto: Divulgação

Contudo, é a sua gravação de Scarlatti que permite comparações mais arriscadas, tanto com as gravações de Leonhardt e Ross quanto com as de Staier e Hantaï, desempenho que chama a atenção de todos. Um artista inspirado que  exprime e mistura o frenesi rítmico à imaginação lírica do toque. O disco é notável e integra uma seleção dos “Dez melhores discos do ano”, no caso, em 2006, feita pelo Le Monde de la musique. Para o selo belga Passacaille, de 2008 a 2012, ele  gravou  recitais consagrados a Johann-Christian Bach, Carlos de Seixas e Joseph Haydn. O disco dedicado a Seixas, especialmente admirável, permite apreciar a sua música, à semelhança daquela de Scarlatti, pela mesma imaginação colocada rigorosamente a serviço do ritmo e do canto.

Nicolau de Figueiredo amava o encontro da música erudita com a música popular, na medida própria da sofisticação de ambas. Entre os contemporâneos recentes, ele apreciava o lirismo discreto do argentino Carlos Guastavino. De outro modo, gostava tanto do fado  (Foi Deus, com Amália Rodrigues) quanto da modinha. O dom musical sempre retrabalhado e uma curiosidade permanente se reencontram, idealmente, nas raras gravações que ele nos legou.

A sua perda torna-se mais cruel ainda quando sabemos que era  diretor de orquestra, com o seu conjunto de música antiga, a Camerata Antiqua de Curitiba. Em agosto de 2013, realizou um último concerto ao lado da soprano Marília Vargas e do violoncelista Alberto Kanji.

No Brasil, a partir de 2005, dirigiu a Camerata Antiqua de Curitiba (O Messias, de Haendel, as duas Paixões, de Bach); em São Paulo, a Orquestra Sinfônica Municipal e o Coro Paulista (Paixão segundo São João, de Bach) e Orfeu e Eurídice, de Gluck. Em Paris, dirigiu A Clemência de Tito (Mozart) e Alcina (Haendel) com a orquestra do Conservatório de Paris, além dos motetos e concertos de Monteverdi, Haendel, Vivaldi, no Japão e no Canadá. Convidado pela Ópera de Paris, atuou como diretor de estudos musicais para as produções de Idomeneo e Così Fan Tutte, de Mozart. Foi solista das obras para cravo e orquestra de Bach na Freiburger Barockorkester e Europa Galante.

Discografia básica

  • Fuss Hans-Joachim. 6 sonatas para flauta transversa com baixo. Michael Spengler, baixo. Pan Classics, 1998.
  • Scarlatti. 13 Sonatas para cravo. Intrada, 2006.
  • Soler. Sonatas & Fandango. Passacaille, 2008.
  • J.-Bach. Sonatas. Passacaille, 2010.
  • De Seixas. Sonatas. Passacaille, 2011.
  • Scarlatti. Salve Regina. Carlos Mena, solista. Orquestra Barroca de Sevilha. Prometeo, 2011.
  • Sonatas. Passacaille, 2012.

Como solista, Nicolau de Figueiredo participou dos festivais mais prestigiados, tais como os de La Roque de Anthéron,  de Saintes, de Sablé, de Ambronay,  de Nantes (As Loucas Jornadas), de Aix-en-Provence; do mesmo modo, esteve nos festivais de Innsbruck, de Bruges, de Utrech e de Sevilha. Em 2011, gravou, como regente da Orquestra Barroca de Sevilha, o Salve Regina, de Domenico Scarlatti, e os Concertos de Charles Avison baseados nas Sonatas para teclado de Scarlatti.

Em poucas palavras, é preciso dizer: seu tempo começava quando ele se foi, no dia 6 de julho de 2016, com apenas 56 anos. Nicolau de Figueiredo nasceu em São Paulo em 1960.

Doravante, permanece em nós o encantamento de seu toque poderosamente sonhador e, sob os seus dedos iluminadores, a graça de um refinamento decantado e a efusão dançante do canto interior.

Tag's: cravo, música erudita, Nicolau de Figueiredo

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