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Luís Araujo Pereira em Florações Professor e escritor | Publicado em 29 de dezembro de 2017

Luís Araujo Pereira
Professor e escritor
29/12/2017 em Florações

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Cinco poemas de Yêda Schmaltz

(Curadoria de Luís Araujo Pereira)

[1]

Mandalas

Morangos

eram

teus sentimentos.

 

Vermelhos

como o amor feito

diante dos espelhos.

 

Mais áridos,

amargos.

 

Sou mais o cio

da melancia

aos teus morangos

feios.

 

Sou mais

as doces peras

mudas

dos meus seios.

̻ ̻ ̻

 

[2]

19

Quando virás ao meu jardim?

Esperarei a festa da colheita

e tu rirás de mim.

Baco tarda

mas não falta.

Colherei enfim

no teu sorriso, Áthis,

o meu grão de mostarda.

̻ ̻ ̻

 

[3]

O poeta

O poeta torna eterna

a coisa que se acaba:

é uma luz

de lanterna,

escolhendo os focos.

 

O poeta seduz

e atinge a glória,

para ser consumido

pela inveja

dos que não têm asas

nem história.

 

O poeta é um ritual

de sacrifício

buscando, embevecido,

o imbuscado.

 

É um danado, o poeta

e seu nome:

vive de palavra

e morre de fome.

̻ ̻ ̻

 

[4]

8 a – (dentro do morto)

Começo a viver no mundo

sem Narciso.

A vida, um breu, uma cicuta.

Estou dentro do morto

e ninguém mais me escuta.

Há só desgosto,

nem eu mesma me ouço

e sou um só lamento.

O que é que aconteceu?

 

Engulo vidro e areia,

tinta,

há cheiro de argamassa

e de cimento,

olho salgado e cego,

batidas de martelo.

 

Alguém vive sem ter

o coração por dentro?

Mastigo o parafuso e  o prego.

Soam marteladas.

(As águas implacáveis.)

 

No morto, estou dentro.

̻ ̻ ̻

 

[5]

XII

Esse poema (e não este aqui),

esse poema é meu Helianto,

é só uma letra sem som, o esse, talvez.

Esse poema sempre é tudo aquilo

que desejo, procuro e não encontro.

Esse poema vem deitar comigo,

machuca, dói por dentro e me encanta.

Esse poema vem dormir comigo

e nem é meu amigo!

Esse poema é a indefesa estória

de se aprender, enfim, uns fundamentos:

nunca hei de querê-lo sempre

do meu lado; hei de querê-lo, poema,

às vezes, me tocando e não prisioneiro.

Perfil

Yêda Oscarlina Schmaltz nasceu em Recife (PE) em 8 de novembro de 1941 e faleceu em 10 de maio de 2003, em Goiânia. Graduou-se em Direito e Letras Vernáculas. Foi professora de Estética e História da Arte no antigo Instituto de Artes, hoje Faculdade de Artes Visuais (FAV),  da Universidade Federal de Goiás. Ao longo de sua carreira literária, recebeu diversos prêmios. Foi uma das fundadoras do Grupo de Escritores Novos (GEN). Além de dois livros de contos (Miserere e Atalanta) e um de ensaio (Os Procedimentos da Arte), publicou os seguintes livros de poemas: Caminhos de Mim (1964), Tempo de Semear (1969), Secreta Ária (1973), O Peixenauta (1975), A Alquimia dos Nós (1979), Anima Mea (antologia, 1984), Baco e Anas Brasileiras (1985), A Ti Áthis (1988), A Forma do Coração (1990), Poesia (antologia, 1993), Prometeu Americano (1996), Ecos: A Joia de Pandora (1996), Rayon (1997), Vrum (1999), Chuva de Ouro (antologia, 2000), Urucum e Alfenins (2002), Poemas de Goyaz (2002). Como já foi observado por vários estudiosos, a sua poesia revela inconformismo, primeiramente, por meio da rebeldia em relação à linguagem (Gilberto M. Teles, 1995); “posteriormente isso se amplia para o tom irônico e escarnecedor assumido pela voz lírica e feminina no interior de seus livros, sobretudo em sua obra madura, que compreende A Alquimia dos Nós (1979), Baco e Anas Brasileiras (1985) e A Ti Áthis (1988)”, conforme estudo de Paulo Antonio Vieira Júnior (2017). Em prefácio ao livro A Forma do Coração, Darcy França Denófrio resume assim o seu projeto poético: “Tentando realizar uma obra de arte capaz de resistir ao tempo, Yêda produz uma literatura plena de sentido. Assim sendo, seu discurso feminino-feminista vai deixando nas sendas do tempo as marcas de sangue desta que se confunde com a mulher ancestral no curso de sua dura história. Inscreve no seu texto a ferro e fogo o seu timbre inconfundível, mas este será sempre, também, o selo da mulher universal. Nenhuma obra em Goiás, no seu todo, foi tão feminina e tão conscientemente feminista, como a de Yêda, sem aquela exarcebação que frequentemente a tem diminuído, enquanto arte.”

 

 

Tag's: poesia, poesia goiana, poetisa, Yêda Schmaltz

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