Uma das maiores expressões musicais de Goiás, João Caetano foi sucesso nacional com temas de novelas como O Salvador da Pátria, da TV Globo, e Pantanal, da extinta TV Manchete. Nos seus mais de 40 anos de carreira, o artista goiano, radicado no Rio de Janeiro, gravou oito discos, entre CDs e LPs, muito bem recebidos pela crítica e pelos fãs desde sua estreia nos festivais de música.
Depois de 10 anos afastado dos estúdios de gravação, João Caetano está de volta com o CD João, uma produção independente com 14 músicas inéditas, feitas em parceria com Otávio Daher, Nasr Chaul e David Isaac. O lançamento será nesta quarta-feira, dia 18 de dezembro, às 20h30, no Teatro Goiânia, com direção musical de Luiz Chaffin. A banda, composta por Marcelo Maia, Edilson Moraes e Fred Valle, terá a participação de Ricardo Leão e Marcos Nimrichter.
João Caetano mantém-se fiel às suas raízes goianas. Elas estão impregnadas nas melodias e letras de suas canções. Sem gravadora, produziu o CD, bancando toda a produção, pois considera importante o registro das músicas para a posteridade. Com isso, contraria o mercado que hoje prefere os EPs e a internet. “O CD é um registro importante, são nossas memórias, nossas lembranças, pode ser ouvido muito tempo depois”, afirma. João não poupou capricho na confecção da capa e do encarte do novo disco. Todas as letras são ilustradas com fotos suas e dos músicos que o acompanharam na gravação: Marcos Nimrichter, João Castilho, Luiz Chaffin, Luiz Avelar e Ricardo Leão, clicados por Luiz Augusto, Paulo Caffin e Pedro Caetano. Ilustrou o material com uma bela paisagem da Fazenda Buriti, onde nasceu, e imagens da cidade de Goiás, sua terra querida.
O artista não esconde a satisfação com o novo trabalho. “Fiz comigo o compromisso de fazer da minha história canção”, escreveu no encarte. A frase , segundo ele, “sintetiza o seu trabalho musical, a sua trajetória de múltiplos caminhos que só a música poderia traduzir”. Destaca como sua autobiografia a música João, que dá nome ao disco. “Tenho um lado muito conceitual, muito subjetivo”, sublinha ao falar da letra que resume um pouco da sua vida, quando saiu da fazenda aos cinco anos para a cidade grande. “Fui do campo e fui urbano/com a mesma paixão/do cerrado ao oceano/o mesmo João”, dizem os versos, feitos em parceria com Nasr Chaul.
É difícil para ele falar de sua canção favorita no novo disco ou apostar naquela que cairá no gosto popular. “É como perguntar a um pai qual seu filho favorito.” Trata-se de um disco de músicas inéditas na sua voz. Três músicas foram gravadas pelas cantoras Maria Eugênia (Lero Lero e O Circo), Cristina Guedes (Porta Retrato) e Thaís Guerino (Voz do Coração). Três outras o deixam muito feliz: Maria dos Sonhos, sobre a luta diária das mulheres; Te Amo, cuja melodia considera muito especial, e Cem Por Cento Carioca, muito sintonizada com sua vida na Cidade Maravilhosa, todas elas também compostas em parceria com Nasr Chaul. Com Otávio Daher e Chaul, João assina Chão, Pó, Poeira, que tem uma pegada mais rural. Flor do Cerrado soa como uma homenagem à sua querida Goiás “uma lembrança passada a limpo/ que nunca chega ao fim”.
Parcerias
Roda Gigante é uma das músicas mais emblemáticas do extenso repertório do artista e também não pode faltar nos seus shows. “Foi minha primeira parceria com Otavinho Daher. Ganhou o Festival Universitário de 1972 e ainda hoje é um sucesso”, ressalta o artista, que desde os anos 1970 faz parceria com Otávio Daher. “É uma vida. Minha alma gêmea musical”, reconhece. Com o amigo compôs os sucessos Tá na Terra, Meu Coração, Pega, Ajutório e muitas outras.
A parceria com Nasr Chaul começou quando a cidade de Goiás pleiteava o título de Patrimônio da Humanidade. Chaul enviou a letra de Retratos do Brasil para João via fax, inaugurando uma parceria que rende frutos até hoje. Chaul assina 11 canções do novo CD. “Ele inaugurou comigo a história de colocar melodia na letra. Normalmente, meu trabalho é mais melódico. Envio a melodia para depois colocar a letra. Quando envio a melodia para o letrista exponho meu estado de espírito no momento da criação, o que eu pensava, se tem algo afetivo ou de cultura do nosso povo”, revela.
Emoção e inspiração são dois sentimentos que não faltam nas composições de João Caetano. Ele faz questão de se manter fiel ao estilo que o consagrou. “Já tentei fazer blues, soul, hip hop, mas soa tudo muito falso. Sou fiel àquilo em que acredito porque fica mais verdadeiro. Não tenho intenção de seguir modismos. Nesse disco todos os arranjos têm uma pegada atual. São a cara do João Caetano.”
João saiu de Goiás para estudar Medicina no Rio de Janeiro. Em 1977, formou-se cardiologista. Mas a música acompanhou-o o tempo todo. Produzido pelo cantor e compositor Ivan Lins, lançou seu primeiro LP (antes gravara um compacto com as músicas Roda Gigante e Pega, premiadas em festivais), fez vários shows. Ao fazer uma participação no programa Fantástico, da TV Globo, interpretando Roda Gigante, João Caetano foi convidado para compor trilha de novelas. Compôs músicas que foram sucessos para os folhetins O Direito de Nascer, Fera Radical, Pão Pão, Beijo Beijo, O Salvador da Pátria, Pantanal e Bicho do Mato.
Hoje, João Caetano não exerce mais a medicina. Prefere dedicar-se à música e à sua loja de móveis Arquivo Contemporâneo, no Rio e no exterior. Nas viagens, o violão vai junto como eterno companheiro.
Evento: Show de João Caetano
Dia: 18/12 (quarta)
Horário: 20h30
Local: Teatro Goiânia (Av.Tocantins, esq.c/ Rua 23, Centro. Telefone: 3201-4685)
Ingressos: 1 kg de alimento para doação a instituições assistenciais