O Oscar 2017 será lembrado como aquele em que se deu a maior lambança no anúncio do prêmio máximo da noite. Depois de os produtores e o elenco de La La Land já estarem com a estatueta nas mãos e fazendo os discursos de agradecimento, descobriu-se que o ganhador era outro, o filme independente Moonlight. Se a perplexidade foi geral, podemos nos lembrar de momentos em que esse tipo de erro teria feito justiça em edições anteriores da festa. Ermira imaginou cinco envelopes errados que poderiam ter mudado – para melhor – a história do Oscar.
Fernanda Montenegro
Em 1999, a grande dama das artes cênicas brasileiras surpreendeu o mundo ao ser indicada para a categoria de Melhor Atriz pelo filme Central do Brasil. Ganhadora do Urso de Ouro em Berlim pela atuação e capitaneando uma produção premiada com o Globo de Ouro de Filme Estrangeiro, ela tinha uma séria concorrente: Cate Blanchett, no papel da rainha Elizabeth I. A estatueta, porém, foi parar no colo da insossa Gwyneth Paltrow, pelo meloso Shakespeare Apaixonado. Bem que Jack Nicholson, que anunciou o prêmio naquela noite, poderia ter se confundido, não é?
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Roberto Benigni
Neste mesmo Oscar de 1999, outro envelope com o resultado certo deve ter se extraviado. Só pode! Apenas muito lobby ou um acidente de logística podem explicar o fato de o italiano Roberto Benigni, com uma atuação caricatural, ter vencido desempenhos muito superiores na categoria de Melhor Ator. O Oscar daquele ano deveria ter ficado com Tom Hanks, no pungente O Resgate do Soldado Ryan, ou com o sir Ian McKellen pelo irretocável trabalho em Deuses e Monstros. E ainda tivemos que aguentar A Vida É Bela ganhar de Central do Brasil como Melhor Filme Estrangeiro naquela noite.
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Dança com Lobos
O épico americano foi o rei da noite do Oscar de 1991. Não deveria ter sido. Ao ganhar 7 Oscars, o filme dirigido, produzido e estrelado por Kevin Costner furou a fila, na maior cara de pau. O pior, porém, foi esse filme de qualidade mediana ter desbancado verdadeiros clássicos. Ele venceu a disputa com O Poderoso Chefão III, de Francis Ford Coppola, e Os Bons Companheiros, de Martin Scorsese. E Costner, para agravar tudo, ainda ganhou o Oscar de Direção, vencendo Scorsese, Coppola e Stephen Frears, que concorria pelo excelente Os Imorais. Fala sério!
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Rocky – O Lutador
Sei que muita gente gosta de Sylvester Stallone e que seu boxeador Rocky Balboa é icônico, mas a produção não chega perto de dois de seus concorrentes a Melhor Filme na cerimônia de 1977. Ele superou Taxi Driver, obra-prima de Martin Scorsese (que demorou até levar sua estatueta para casa), produção que revolucionou métodos de direção; e o emblemático Todos Os Homens do Presidente, que contava com a dupla Dustin Hoffman e Robert Redford vivendo os jornalistas que derrubaram o presidente Nixon no escândalo Watergate. Esse resultado merecia uma auditoria!
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Cidadão Kane
O Oscar de 1942 ainda vence na Categoria “Cadê o Envelope Certo?”. Naquele ano, Cidadão Kane, considerado por muitos críticos como o melhor e mais revolucionário filme do século 20, foi indicado a 9 prêmios. Ficou com apenas 1, para Roteiro Original. Perdeu a disputa de Melhor Filme para Como Era Verde Meu Vale. Já Orson Welles, o arquiteto daquele monumento cinematográfico, foi vencido na categoria de Direção por outro gigante, John Ford, e na de Ator para outra lenda, Gary Cooper, por Sargento York. Sim, a concorrência estava forte, mas era Cidadão Kane, né!
Ótima reflexão!