• Sobre Ermira
  • Colunas
    • Aboios
    • Arlequim
    • Arranca-toco
    • Chapadão
    • Chispas
    • Dedo de prosa
    • Errâncias
    • Especial
    • Espirais
    • Florações
    • Margem
    • Maria faz angu
    • Matutações
    • Miradas
    • Mulherzinhas
    • Projeto Ensaios
    • NoNaDa
    • Pomar
    • Rupestre
    • Tabelinha
    • Terra do sol
    • Veredas
  • Contribua
  • Colunistas
  • Contato
  • Instagram
  • Facebook
  • YouTube
  • Twitter

ERMIRA

  • Instagram
  • Facebook
  • YouTube
  • Twitter
  • Sobre Ermira
  • Colunas
    • Aboios
    • Arlequim
    • Arranca-toco
    • Chapadão
    • Chispas
    • Dedo de prosa
    • Errâncias
    • Especial
    • Espirais
    • Florações
    • Margem
    • Maria faz angu
    • Matutações
    • Miradas
    • Mulherzinhas
    • Projeto Ensaios
    • NoNaDa
    • Pomar
    • Rupestre
    • Tabelinha
    • Terra do sol
    • Veredas
  • Contribua
  • Colunistas
  • Contato

Luís Araujo Pereira em Florações Professor e escritor | Publicado em 27 de janeiro de 2018

Luís Araujo Pereira
Professor e escritor
27/01/2018 em Florações

  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no Google +
  • Compartilhar no WhatsApp
← Voltar

Cinco poemas de Orides Fontela

(Curadoria de Luís Araujo Pereira)

 

[1]

Fala

Tudo

será difícil de dizer:

a palavra real

nunca é suave.

 

Tudo será duro:

luz impiedosa

excessiva vivência

consciência demais do ser.

 

Tudo será

capaz de ferir. Será

agressivamente real.

Tão real que nos despedaça.

 

Não há piedade nos signos

e nem no amor: o ser

é excessivamente lúcido

e a palavra é densa e nos fere.

 

(Toda palavra é crueldade.)

̻ ̻ ̻

 

[2]

Odes

I

O verbo?

Embebê-lo de denso                                                                                                                                                                                                           vinho.

 

A vida?

Dissolvê-la no intenso                                                                                                                                                                                                            júbilo.

 

II

Sonho vivido desde sempre

̶  real buscado até o sangue.

 

III

O Sol cai até o solo

a árvore dói até o cerne

a vida pulsa até o centro

 

… o arco se verga

até o extremo limite.

 

IV

Lavro a figura

não em pedra:                                                                                                                                                                                                                       em silêncio.

 

Lavro a figura

não na pedra (inda plástica) mas no

inumano vazio

do silêncio.

 

V

A flor abriu-se.

A flor mostrou-se em sua                                                                                                                                                                                                                       inteireza:

̶  Tragamos, ouro, incenso, mirra!

̻ ̻ ̻

 

[3]

As Parcas

As Parcas

fiam

nada

tecendo

 

tecendo o                                                                                                                                                                                                                   nada

em lento fio

branco? Nem

branco:

 

apenas pura

perda, sussurro

de lento canto

que autoesvazia-se

 

e  ̶  inútil  ̶                                                                                                                                                                                                                 tomba

evanescendo-se

na transparência.

……………………….

Apenas

isto:

Parcas vigilam.

Cintila o

mar.

̻ ̻ ̻

 

[4]

A loja (de relógios)

I

O relógio

horologium

a hora

o logos.

 

II

Os peixes estão

no aquário

o touro está

na balança

 

e a virgem

parindo

os gêmeos.

 

III

Os relógios estão

na eternidade.

̻ ̻ ̻

 

[5]

Círculo

O círculo

é astuto:

enrola-se

envolve-se

 

autofagicamente.

 

Depois

explode

̶  galáxias!  ̶

 

abre-se

vivo

pulsa

 

multiplica-se

 

divindadecírculo

perplexa

(perversa?)

 

o unicírculo

devorando

tudo.

̻ ̻ ̻

Perfil

Orides de Lourdes Teixeira Fontela nasceu em 24 de abril de 1940 na cidade de São João da Boa Vista (SP) e faleceu em 2 de novembro de 1998 em Campos do Jordão (SP). Graduou-se em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP). Exerceu o magistério na rede estadual de ensino e foi bibliotecária em várias escolas. Recebeu o Jabuti em 1983 e o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte em 1996. O Ministério da Cultura concedeu-lhe em 2007 a Ordem do Mérito Cultural, categoria Grã-Cruz. Apesar das crises depressivas e da penúria financeira, teve êxito ao produzir uma poesia original e que “flui bela como uma água densa”. Sua obra poética compreende os seguintes livros: Transposição (1969), Helianto (1973), Alba (1983), Rosácea (1986), Trevo (1988), Teia (1996), Poesia Reunida (2006) e Poesia Completa (2015). Assim Antonio Candido pronunciou-se sobre a sua poesia: “Orides Fontela tem um dos dons essenciais da modernidade: dizer densamente muita coisa por meio de poucas, quase nenhumas palavras, organizadas numa sintaxe que parece fechar a comunicação, mas na verdade multiplica as suas possibilidades. Denso, breve, fulgurante, o seu verso é rico e quase inesgotável, convidando o leitor a voltar diversas vezes, a procurar novas dimensões e várias possibilidades de sentido.” A sua fortuna crítica inclui análises de Marilena Chauí, Augusto Massi, Flora Süssekind, Davi Arrigucci Jr., Alcides Villaça, Haquira Osakabe e muitos outros que se interessaram pela sua pequena mas sugestiva obra. Em 2015, Gustavo de Castro publicou o livro O Enigma Orides, biografia da poeta.

Confira abaixo um documentário sobre Orides Fontela, exibido em 2000 pela TV Cultura, com direção de Ivan Marques.

Tag's: literatura, Orides Fontela, poesia, poesia brasileira

  • Atiraram no Jonas

    por Luís Araujo Pereira em Espirais

  • O romance familiar mitológico de Otto Rank

    por Ana Tércia Rosa Alves em Projeto Ensaios

  • Cinco poemas inéditos de Al-Chaer

    por Luís Araujo Pereira em Florações

  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no Google +
  • Compartilhar no WhatsApp

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

1 comentários em “Cinco poemas de Orides Fontela”

  1. Antonio Marcondes disse:
    19 de julho de 2020 às 00:22

    Orides Fontela traduz a poesia brasileira em sua forma mais resplandecente. Cada palavra é uma densa luz que reverbera em múltiplas possibilidades de significação estética. Em cada verso uma síntese de enigmas e revelações surpreendentes do que é a vida em sua intensidade de paixões e abandonos. Nela tudo que é impossível é dizível e nada parece ser difícil de ser suscitado.

    Responder

Deixe um comentário (cancelar resposta)

O seu endereço de e-mail não será publicado. Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

ERMIRA
  • Instagram
  • Facebook
  • YouTube
  • Twitter