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Gravura: Percy Lau
Gravura: Percy Lau
Gravura: Percy Lau

Rogério Borges em Margem Jornalista e professor | Publicado em 6 de agosto de 2018

Rogério Borges
Jornalista e professor
06/08/2018 em Margem

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Na boiada, já fui boi

A notícia curiosa chamou a atenção de muita gente e foi uma das mais lidas de vários sites. No Espírito Santo, um fazendeiro amargou um prejuízo de mais de 300 mil reais quando um boi desorientado pegou o caminho errado no pasto e acabou se jogando de um barranco. O bovino não valia tanto dinheiro, claro, mas o problema é que 28 outros animais resolveram seguir o líder e proporcionaram esse suicídio coletivo. Todos despencaram do mesmo barranco para a morte, no que é conhecido como “efeito manada”. Para onde um membro vai, os outros vão atrás.

Eis a triste metáfora do Brasil de hoje. Aliás, de um Brasil que não é de hoje. O civismo torna-se irresponsabilidade e basta uma boa retórica, a manipulação da indignação coletiva, a construção de mitos midiáticos para que tomemos um caminho desastroso. Sabemos que a coisa vai ficar feia, que aquela opção não é a melhor, que estamos em um labirinto apostando no vazio e no nada, mas ainda assim persistimos, teimosos e acríticos. Convergimos para uma histeria coletiva, para uma explosão de sentimentos mal controlados, de ódios e euforias desmedidas. Viramos a boiada.

A corrupção endêmica que assola o País há gerações encontrou um ponto de inflexão na Lava Jato, o que por si só seria benéfico. Mas esse “por si só” não é o bastante para conter os excessos, as incorreções e as irracionalidades. A vontade de “limpar o País” dos aproveitadores e de políticos safados metamorfoseou-se, aos poucos, em um campo fértil para oportunistas de toda ordem, para correntes de extremistas e falsos moralistas que pautaram uma agenda conservadora, intolerante, baseada na má-fé, na supressão de direitos, no boicote ao diálogo. E a boiada foi atrás.

O barranco estava logo ali, já havia gente despencando nele, mas a marcha continuou, ainda mais enfática, atropelada, inconsequente. E os bois foram sendo abatidos pelo desemprego, por esquemas de corrupção ainda mais explícitos, pelo retrocesso. Aumentou a fome, a mortalidade infantil, programas sociais foram extintos, as agressões se multiplicaram. Um verdadeiro matadouro. Mas muitos continuam a marchar para seu próprio fim sem reconhecer o perigo, sem perceber o mal que fazem a si mesmos. Bois que se imolam acreditando que vão renascer. Viram carcaça.

Agora, um candidato a presidente representa o boi que leva os outros para o barranco, mas ainda assim é chamado de mito, de lacrador. Nem toda sua misoginia, sua homofobia, seu racismo, seu desprezo por amplas parcelas da sociedade são capazes de fazer com que seus seguidores – todos rumo ao barranco – continuem a defendê-lo com unhas, dentes e insultos. Ainda que ele pregue a violência institucionalizada, que homenageie torturadores, que despreze as mulheres, que revele sua ampla gama de preconceitos, nada disso para a marcha da boiada, cega e irascível.

O Brasil é um País que causa estranhamento mundial. Dá privilégios a quem ganha mais – juízes, banqueiros, barões de toda espécie – ao mesmo tempo que corta recursos da educação e da ciência, que desprotege seus aposentados e trabalhadores rurais, que destrata os de menor renda, que elogia a ignorância e a violência. Liberamos agrotóxicos, queremos cobrar pelos serviços do SUS, acabar com o ensino superior público. Sabotamos nosso futuro em nome de um presente governado por bois que nos levam ao abismo. E nós, boiada mansa e besta, vamos atrás. Até o fim.

Tag's: boiada, Brasil, intolerância, política, sociedade

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