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Imagem: Reprodução
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Luís Araujo Pereira em Florações Professor e escritor | Publicado em 8 de março de 2019

Luís Araujo Pereira
Professor e escritor
08/03/2019 em Florações

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Cinco odes de Horácio

Tradução de Paulo Manoel Ramos Pereira

[Curadoria de Luís Araujo Pereira]

 

[1]

Ode I, 11

Tu ne quaesieris, scire nefas, quem mihi, quem tibi

finem di dederint, Leuconoë, nec Babylonios

tentaris numeros. Ut melius quidquid erit pati,

seu plures hiemes seu tribuit Juppiter ultimam,

quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare

Tyrrhenum. Sapias, vina liques, et spatio brevi

spem longam reseces. Dum loquimur fugerit invida

aetas: carpe diem quam minimum credula postero.

 

Ode I, 11

Não busques saber  ̶  é tolo  ̶  como a mim, a você,

os deuses darão fim, Leucônoe, nem as babilônicas

magias tentes. O melhor é sofrer o que seja,

haja Júpiter dado muitos ou o último inverno,

este que agora o mar Tirreno choca contra as rochas.

Sê sábia, bebe do vinho, e faz um curto momento

a maior esperança. Enquanto falamos, nos foge

o tempo: colha o dia, e crê pouco no seguinte.

 

***

 

[2]

Ode I, 23

Vitas hinnuleo me similis, Chloë,

quaerenti pavidam montibus aviis

matrem non sine vano

aurarum et silüae metu.

 

Nam seu mobilibus veris inhorruit

adventus foliis seu virides rubum

dimovere lacertae,

et corde et genibus tremit.

 

Atqui non ego te tigris ut aspera

gaetulusve leo frangere persequor:

tandem desine matrem

tempestiva sequi viro.

 

Ode I, 23

A mim evitas como um cervo, Cloe,

que procura assustado sua mãe

nas montanhas, não sem medo

vão da mata e da ventania.

 

Se é chegada a Primavera num

arroubo, ou remexem as folhas verdes

lagartos, teu coração

e joelhos logo se tremem.

 

Mas atrás de ti não vou como bruto

tigre ou o leão getúlico, mortal:

desiste de ir para a mãe,

é já tempo de achar um homem.

 

***

 

[3]

Ode II, 20

Non usitata nec tenui ferar

penna biformis per liquidum aethera

uates neque in terris morabor

longius inuidiaque maior

 

urbis relinquam. Non ego pauperum

sanguis parentum, non ego quem uocas,

dilecte Maecenas, obibo

nec Stygia cohibebor unda.

 

Iam iam residunt cruribus asperae

pelles et album mutor in alitem

superne nascunturque leues

per digitos umerosque plumae.

 

Iam Daedaleo ocior Icaro

uisam gementis litora Bosphori

Syrtisque Gaetulas canorus

ales Hyperboreosque campos.

 

Me Colchus et qui dissimulat metum

Marsae cohortis Dacus et ultimi

noscent Geloni, me peritus

discet Hiber Rhodanique potor.

 

Absint inani funere neniae

luctusque turpes et querimoniae;

conpesce clamorem ac sepulcri

mitte superuacuos honores.

 

Ode II, 20

Não serão comuns nem frágeis as asas

que a mim, poeta biforme, alçarão

ao etéreo céu, e mais em

terra não demorarei: maior

 

que a inveja, as cidades deixo. De pobres

o filho, eu, por quem clamas, eu, querido

Mecenas, não morro, nem as

ondas do Estige impedir-me-ão.

 

Agora mesmo enrugar sinto a pele

das pernas, em branco e celestial

pássaro torno-me; e leves

penas nos ombros e dedos crescem.

 

Agora, ágil quanto o Ícaro dedáleo,

visito a costa do choroso Bósforo,

as Sirtes e as mais hiperbóreas

campinas, eu, tal ave cantante.

 

Conhecer-me-ão Colco e Daco, que

o medo esconde da coorte marsa,

e os distantes Gelonos; bem

me estudarão tanto Ibéria e Ródano.

 

Não haja, em meu esvaziado funeral,

tristes cantos e vergonhosos prantos;

reprime os lamentos  ̶  à tumba

envia as supérfluas honrarias.

 

***

 

[4]

Ode III, 9

Donec gratus eram tibi

nec quisquam potior brachia candidae

cervici juvenis dabat,

persarum vigui rege beatior.

 

Donec non alia magis

arsisti neque erat Lydia post Chloën,

multi Lydia nominis

romana vigui clarior Ilia.

 

Me nunc Thressa Chloë regit

dulces docta modos et citharae sciens,

pro qua non metuam mori

si parcent animae fata superstiti.

 

Me torret face mutua

Thurini Calais filius Ornyti,

pro quo bis patiar mori

si parcent puero fata superstiti.

 

Quid si prisca redit Venus

diductosque jugo cogit aëneo,

si flava excutitur Chloë

rejectaeque patet janua Lydiae?

 

Quamquam sidere pulchrior

ille est, tu levior cortice et improbo

iracundior Hadria,

tecum vivere amem, tecum obeam ibens.

 

Ode III, 9

̶  Enquanto fui-te encantador,

jovem algum, preferido, os braços pousava

em torno do teu pescoço cândido;

mais afortunado que o rei da Pérsia fui.

 

̶  Enquanto por outra não ardias,

e Lídia não era pela Cloe preterida,

um grande nome tive: Lídia,

mais conhecida que a romana Ília fui.

 

̶  Agora a trácia Cloe rege-me,

tão doce de modos e versada na cítara,

por quem sem medo poderia

eu morrer, se o destino sua alma poupasse.

 

̶  Queima-me a face tão igualmente

tal Calais, o filho de Órnito de Túrio,

por ele duas vezes morro,

se poupá-lo assim o destino, meu rapaz.

 

̶  E se o antigo amor nos volta, e

obriga-nos, ora separados, seu jugo?,

e se a loura Cloe partir,

e à Lídia as velhas portas tornam a abrir?

 

̶  Então, embora belo seja ele,

feito astro, e tu leve como uma cortiça e

bravo como Ádria, contigo

eu viveria bem, e grata morreria.

 

***

 

[5]

Ode IV, 10

O crudelis adhuc et Veneris muneribus potens,

insperata tuae cum veniet pluma superbiae,

et quae nunc humeris involitant deciderint comae,

nunc et qui color est puniceae flore prior rosae

mutatus Ligurinum in faciem verterit hispidam,

dices heu quotiens te speculo videris alterum:

quae mens est hodie, cur eadem non puero fuit?

vel cur his animis incolumes non redeunt genae?

 

Ode IV, 10

Ó cruel que grandes dons de Vênus ainda usufrui:

quando de supetão cobrirem o teu orgulho as penas,

e os cabelos que agora pousam nos ombros caírem,

e tua cor, agora mais rosa que a rosa em si,

mudar, Ligurino  ̶  calhar-te-á um rosto ríspido  ̶ ,

dirás a esse estranho, sempre que no espelho o encarar:

a mente de hoje, por que não a possuí em jovem?, ou

por que a este espírito não tornam aquelas feições?

 

Perfil

Quinto Horácio Flaco (Quintus Horatius Flaccus) nasceu em 8 de dezembro de 65 a.C. em Vanúsia, na região da Apúlia, e morreu em 27 de novembro de 8 a.C., em Roma. Filho de um escravo liberto, foi enviado a Roma para estudar com Orbélio. Em 44 a.C., seguiu para Atenas com o intuito de continuar os seus estudos. Alistou-se, porém, no exército de Bruto, que foi derrotado na Batalha de Filipos. Retornou em 42 a. C. a Roma, onde passou enormes dificuldades, pois o pai havia morrido e a propriedade que a família possuía fora confiscada. Trabalhou como amanuense no Ministério das Finanças, ao mesmo tempo em que escrevia os seus poemas. Nessa fase difícil, conheceu Vário e Virgílio, os quais levaram-no à presença de Caio Mecenas. Sob a proteção desse benfeitor das artes, Horácio reorganizou a sua vida. A partir daí, iniciou a sua obra, que compreende o gênero lírico, o satírico e o epistolar. É considerado um dos grandes poetas da Roma Antiga. A sua obra inclui os seguintes livros: Epodos (iambi)  ̶  são 17 pequenos poemas escritos entre 41 e 31 a.C. Inspirados em Arquíloco de Paro, tratam da crítica social e política; Sátiras (Saturᴂ ou Sermones)  ̶  são dois livros, o primeiro, publicado cerca de 35 a.C., contém 10 poemas, enquanto o segundo, com 8 poemas, veio a público em cerca de 30 a. C.. Com temas variados (gastronomia, literatura, tipos sociais), têm Lucílio como modelo de satirista. Horácio imprimiu nesses poemas traços autobiográficos, ideias morais e filosóficas, com influências de Epicuro. Segundo o modo como a tratou, a sátira horaciana é bem mais humorada; Odes  ̶  com 4 livros e 103 poemas, são o ponto alto de sua poesia. Foram escritas em diversas metros gregos. Desde a Antiguidade, são consideradas a realização máxima do lirismo, seja pelo bom gosto das composições, seja pela graça e beleza; Carmen Sᴂculare  ̶  hino à maneira sáfica, dedicado a Apolo e Diana. Foi escrito sob encomenda do imperador Augusto e cantado nos Jogos Seculares de 17 a.C.; Epístolas  ̶  representam dois livros. O primeiro tem 19 cartas e foi publicado em 20 a.C. Essas cartas expressam uma visão epicurista da vida. Já o segundo livro contém duas cartas, sendo uma delas (Epístola aos Pisões, nome de uma família romana) a famosa Arte Poética, em que reflete sobre a teoria da poesia. As observações acima foram extraídas do seguinte livro: Horácio. Arte Poética. 4.ed. Introdução, tradução e comentário de R. M. Rosado Fernandes. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2012. É desse latinista o trecho que segue: “A obra poética que nos deixou é o reflexo da sua personalidade equilibrada, sem ser demasiado satisfeita, do seu carácter ambicioso, sem que por isso fosse possuído por eterno descontentamento. Combinava um bom gosto muito seu, uma ironia prazenteira e um labor incansável, com os resultados da sua experiência poética, com a leitura da poesia grega e romana e com os conhecimentos teóricos que aprendera na escola de Orbílio, nas escolas de Atenas e nos estudos que fez peia vida fora.”

 

Tradutor

Paulo Manoel Ramos Pereira, 20 anos, é poeta, tradutor e estudante universitário. Nasceu em Goiânia (GO). Mantém o blog pyqui, que alimenta com traduções e outros motivos nos meandros da poesia. Coorganizou e integra o livro Antologia Clandestina. Publicou diversos fanzines de poemas lançados e poemas publicados em jornais de Goiás. Prepara o seu primeiro livro de poemas.

 

 

Tag's: Antiguidade, Horácio, odes, poesia, poesia romana, Roma Antiga, tradução

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1 comentários em “Cinco odes de Horácio”

  1. SATURNINO MANOEL FAUSTINO SANTOS disse:
    15 de abril de 2020 às 23:50

    A beleza do escritor é ver sua obra admirada por nós, pobres mortais, para fortalecimento da nossa alma.

    Responder

Respondendo o comentário de SATURNINO MANOEL FAUSTINO SANTOS (cancelar resposta)

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