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Luís Araujo Pereira em Florações Professor e escritor | Publicado em 23 de fevereiro de 2020

Luís Araujo Pereira
Professor e escritor
23/02/2020 em Florações

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Cinco poemas de Joan Brossa

[Curadoria de Luís Araujo Pereira]

Tradução de Ronald Polito e Sérgio Alcides

[1]

Poema floral

Finestra:

obertura practicada a la prazer

per donar entrada a la llum

i a l’aire.

 

Finestra,

tres fulles de clavell.

Obertura practicada a la paret,

dues branques de morera.

Per donar entrada,

una fulla d’heura.

A la llum i a l’aire,

una branca de gerani.

 

Poema floral

Janela:

abertura praticada na parede

para dar entrada à luz

e ao ar.

 

Janela,

três pétalas de cravo.

Abertura praticada na parede,

dois galhos de amoreira.

Para dar entrada,

uma folha de hera.

À luz e ao ar,

um ramo de gerânio.

• • •

 

[2]

El petó

Respira,

sembla, al peu mateix de l’arbre,

l’herba obstinada. En cullo

un bri per tants peus abatut.

Té; fes-lo cabre com a record

d’aquest capvespre amb mi.

 

Poema

per a esculpir en fusta

de llimoner.

 

 

¿I com va rebre Dafnis

el petó de Cloe?

 

 

O beijo

Respira,

talvez, no próprio pé da árvore,

a erva obstinada. Colho

um ramo por tantos pés pisado.

Tome: que sirva de recordação

deste crepúsculo comigo.

 

Poema

para esculpir em madeira

de limoeiro.

 

E como recebeu Dafnis

o beijo de Cloé?

• • •

 

[3]

Poema

Tot poema

és una detenció,

ja que sostreu formes de la vida

per conservar-les en els versos.

 

 

Entra Pierrot duent posada

una casaca vermelha. Entra

Arlequí amb un molinet de

cafè. Entra Pierrot amb un

braçat de figues de moro. Entra

Arlequí amb bigotis. Entra

Pierrot en vespa i s’allunya

carrer enllà.

 

Colombina tanca la finestra

i es retira, que els llamps

tant maten homes com dones.

 

 

Poema

Todo poema

é uma prisão,

já que subtrai formas da vida

para conservá-las nos versos.

 

Entra Pierrô vestindo

uma casaca vermelha. Entra

Arlequim com um moedor de

café. Entra Pierrô com uma

braçada de figos-da-índia. Entra

Arlequim de bigode. Entra

Pierrô à toda e se afasta

rua abaixo.

 

Colombina fecha a janela

e sai, que os raios

tanto matam homens quanto mulheres.

• • •

 

[4]

Si la mar

s’assecava, hi veuríem al fons

replans i esplanades. Les illes

són els cims de les

muntanyes.

 

Baixar

és cosa fàcil.

Nit i dia hi ha portes

obertes. Però tornar a pujar

és un esforç molt dur.

 

Tampoc

les muntanyes

no influeixen damunt la

rodonesa de la terra. Són

com rugositats a la pell

d’una taronja.

 

Se o mar

secasse, veríamos no fundo

planícies e esplanadas. As ilhas

são os cimos das

montanhas.

 

Chegar

no fundo é fácil.

Dia e noite há portas

abertas. Mas retornar

é um esforço muito duro.

 

Tampouco

as montanhas

influem sobre a

redondez da terra. São

como rugosidades na pele

de uma laranja.

• • •

 

[5]

La son del peix

El món

està submergit al fons

de las aigües de l’espai.

Es veu sortir una gran claror

seguida de crits i rialles.

 

Està escrit:

 

No pot ser explicat

el com i el perquè

de les ciutats que existeixen

amb carrers i edificis

enfonsades a l’espai,

ran de la platja.

I encara:

 

La mar

és vida, la mort

és platja.

 

A sonolência do peixe

O mundo

está submerso no fundo

das águas do espaço.

Vê-se que surge um grande clarão

seguido de gritos e risadas.

 

Está escrito:

 

Não pode ser explicado

o como e o porquê

das cidades que existem

com ruas e edifícios

afundados no espaço,

junto da praia.

 

E mais:

 

O mar

é vida, a morte

é praia.

Perfil

Joan Brossa i Cuervo nasceu em 19 de janeiro de 1919, em Barcelona, e morreu em 30 de novembro de 1998 na mesma cidade. Foi dramaturgo, designer gráfico, artista plástico e poeta, dedicando-se tanto à poesia escrita quanto à visual e ao poema-objeto. Defensor da autonomia política da Catalunha, escreveu sempre em catalão a despeito da censura franquista, que proibia publicações nessa língua. Como um dos grandes nomes das vanguardas europeias da metade do século 20, deixou obras de inestimável valor. Na década de 1940, aproximou-se do surrealismo e da psicanálise. Tornou-se amigo de João Cabral de Melo Neto, com quem manteria intenso e rico diálogo. Em 1943, publicou o seu primeiro livro, La bola i el escarabat (A bola e o escaravelho). Após as precedentes Ariel e Algol, lançou, em 1948, com Tàpies, Ponç, J. J. Tharrats, Arnau Puig e Modest Cuixart, a revista Dau al Set (Dado de sete), cujo plano editorial procurava retomar o espírito vanguardista que havia em Barcelona nas primeiras décadas do século 20. Na sua intensa e variada atividade como artista, escreveu os seguintes livros: Em va fer Joan Brossa (1951, com prefácio de João C. de M. Neto), Poemes civils (1961), Les ungles del guant (1974), Poemes visuals (1975), Accions musicals (1975, poesia cênica combinada com música), Poemes objecte (1978), Poemes escollits (1995, antologia temática organizada por Glòria Bordons), Gart (1996, roteiro cinematográfico), Sumari astral (1999), Antologia de poemas de revolta (2001) e A partir del silenci (2001, antologia polimórfica organizada por Glòria Bordons). Os poemas que constam nesta coluna foram selecionados do livro Poemas civis (Sette Letras, 1998), com tradução, notas e posfácio de Ronald Polito e Sérgio Alcides. Estudiosa e pesquisadora do autor catalão,  Glòria Bordons escreveu que “Joan Brossa nega a discursividade lógica e joga com as palavras e com as associações fônicas. O centro cabal da sua poesia é a palavra. É no entorno deste elemento que ele organiza o poema. Utiliza as palavras pelo que há de objeto nelas e pela possibilidade de sua representação visual. Por outro lado, utiliza a linguagem coloquial como instrumento para provocar efeitos inesperados quando a descontextualiza. Em outros casos, por um procedimento de base surrealista, o poema consiste numa justaposição de frases e estrofes aparentemente desconexas. Brossa transforma a realidade com a magia e com a militância política, que de fato não é mais que o reflexo de uma realidade sociopolítica que cerca a liberdade” (cf. prefácio em Poesia vista: Joan Brossa. Trad. de Vanderley Mendonça. São Paulo: Amauta Editorial/Ateliê Editorial, 2005).

 

 

 

 

 

Tag's: Espanha, Joan Brossa, João Cabral de Melo Neto, poema visual, poema-objeto, poesia, poesia catalã, surrealismo

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