• Sobre Ermira
  • Colunas
    • Aboios
    • Arlequim
    • Arranca-toco
    • Chapadão
    • Chispas
    • Dedo de prosa
    • Errâncias
    • Especial
    • Espirais
    • Florações
    • Margem
    • Maria faz angu
    • Matutações
    • Miradas
    • Mulherzinhas
    • No Goiás
    • NoNaDa
    • Pomar
    • Rupestre
    • Tabelinha
    • Terra do sol
    • Veredas
  • Contribua
  • Colunistas
  • Contato
  • Instagram
  • Facebook
  • YouTube
  • Twitter

ERMIRA

  • Instagram
  • Facebook
  • YouTube
  • Twitter
  • Sobre Ermira
  • Colunas
    • Aboios
    • Arlequim
    • Arranca-toco
    • Chapadão
    • Chispas
    • Dedo de prosa
    • Errâncias
    • Especial
    • Espirais
    • Florações
    • Margem
    • Maria faz angu
    • Matutações
    • Miradas
    • Mulherzinhas
    • No Goiás
    • NoNaDa
    • Pomar
    • Rupestre
    • Tabelinha
    • Terra do sol
    • Veredas
  • Contribua
  • Colunistas
  • Contato
Imagem: Cup of coffee (Roy Lichenstein, 1961, detalhe)
Imagem: Cup of coffee (Roy Lichenstein, 1961, detalhe)
Imagem: Cup of coffee (Roy Lichenstein, 1961, detalhe)

Luís Araujo Pereira em Espirais Professor e escritor | Publicado em 17 de abril de 2022

Luís Araujo Pereira
Professor e escritor
17/04/2022 em Espirais

  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no Google +
  • Compartilhar no WhatsApp
← Voltar

Um cafezinho

Ele falou no momento em que a mulher abriu a porta, sem parecer invasivo ou inconveniente:

“Desculpe-me incomodá-la, senhora, mas sou o velho Toledo, o melhor amigo do seu marido. Se ele falou porventura de mim alguma vez, deve ter-lhe dito que nunca deixei um irmão em apuros.”

Com gestos nervosos, às vezes descontrolados, a mulher esfregou as mãos e assentiu, aflita:

“Me desculpe, entre por favor, estou esperando o senhor há tanto tempo…”

“Qual perdão mereço, senhora? –  Me atrasei no caminho.”

A sala na qual entrou tinha aroma de flores esmagadas. Embora houvesse bastante espaço, as poltronas e um enorme sofá pareciam fora de lugar. Depois de avaliar o ambiente, voltou a sua atenção à mulher e perguntou:

“Onde estão as crianças?”

Ela respondeu, com um tremor nos lábios, que estavam na casa dos avós.

A tarde já começava a entrar na manhã. A sala onde estavam era iluminada pela luz que se projetava sobre os móveis, vinda de uma das grandes janelas.

A mulher indagou, disfarçando a sua angústia:

“O senhor não quer se sentar?”

O homem alcançou a poltrona mais próxima e ajeitou-se no móvel, como se estivesse cansado. A poltrona bufou discretamente. Depois disso, houve um silêncio difícil, quase intransponível –  um silêncio que os desorientava momentaneamente.

Ela fechou a porta da sala, sentou-se diante dele e fez o comentário que a incomodava:

“O meu marido disse que nós podíamos contar com o senhor, para o bem e para o mal. Ele esperou um mês, o pior mês de sua vida, pois ansiava todos os dias receber uma ligação, que nunca veio…”

Ele explicou mais uma vez, com paciência:

“Como disse há pouco, eu me atrasei no caminho. A senhora deve me perdoar. Mas não vou deixar de modo algum o assassino do meu amigo comer uma leitoa no próximo Natal.”

Após ouvir essa promessa, a mulher perguntou se ele aceitava um cafezinho. O homem respondeu que, depois da bebida, naquela tarde mesma, gostaria de resolver a parada, pois tinha que seguir adiante – muito adiante.

E disse por fim que era um homem que andava pelas estradas, tropeçando aqui e ali. “Mas nunca deixei de chegar aonde queria e principalmente de atingir os meus objetivos” – enfatizou.

No momento em que a mulher se levantou para ir à cozinha colocar a água pra ferver, disse, com sentimentos confusos, que ainda a machucavam:

“Eu gostaria de mostrar a casa, o quarto das crianças e o retrato em que o senhor aparece ao lado do meu marido” – e, nesse momento, começou a derramar lágrimas –, “mas sei que a sua tarde não vai ser fácil, e o seu tempo é precioso…”

Depois, deu-lhe as costas e foi à cozinha providenciar a rubiácea.

Tag's: conto, literatura goiana, Luís Araujo Pereira, narrativa curta

  • O passante e o herói

    por Luís Araujo Pereira em Espirais

  • Um sonhador

    por Rosângela Chaves em Miradas

  • O cérebro de Einstein era um tipo de Sol

    por Gilberto G. Pereira em Matutações

  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no Google +
  • Compartilhar no WhatsApp

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

Deixe um comentário (cancelar resposta)

O seu endereço de e-mail não será publicado. Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

ERMIRA
  • Instagram
  • Facebook
  • YouTube
  • Twitter