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Luís Araujo Pereira em Florações Professor e escritor | Publicado em 24 de maio de 2019

Luís Araujo Pereira
Professor e escritor
24/05/2019 em Florações

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Cinco poemas de Cacaso

[Curadoria de Luís Araujo Pereira]

 

[1]

No caminho da Gávea

O táxi para na esquina e meu

coração está calcinado.

A paisagem é impecável no seu

espetáculo simétrico e lento. O sol cochila.

Do outro lado da rua e de mim

o mar deságua em si mesmo.

 

• • •

 

[2]

Hora do recreio

O coração em frangalhos o poeta é

levado a optar entre dois amores.

 

as duas não pode ser pois ambas não deixariam

uma só é impossível pois há os olhos da outra

e nenhuma é um verso que não é deste poema

 

Por hoje basta. Amanhã volto a pensar neste

                                                                   problema.

• • •

 

[3]

Primeiras impressões

jamais quis tão pouco nesta vida

ouvir de uma certa boca a palavra adeus

 

o navio deixa o cais e uma negra foice

mergulha e novamente mergulha e novamente

 

sons esparsos martelando tímpanos

que são cerejas e gorjeios da passarada

 

cai a noite jamais quis tão pouco nesta vida

ouvir numa certa hora a palavra adeus

 

• • •

 

[4]

Reencontro

Percorres a casa e observas: o corredor é longo,

quantos quartos, e eu navego teus olhos

                                                      escavando

nossos corpos noturnos mapeados.

Pouco a pouco as formas endurecem e nos

        vemos

por fim pacificados: não sou quem pensas não és

                                                     quem penso,

amargos nos deixamos tão carentes

desta fome por tanto acumulada.

Chegaste agora quando a vida é escombros

      e nossas

                                                     outras imagens

se entrelaçam mas não basta, e nossos corpos

se esfriam germinados.

Por entre lençóis e amoras por entre veios

e gomos cavamos nosso vazio e ali

                                                       nos interpomos:

                                        do que não somos saudosos

                                         sobreviventes do que fomos.

• • •

 

[5]

O pássaro incubado

O pássaro preso na gaiola

é um geógrafo quase alheio:

Prefere, do mundo que o cerca,

não as arestas: o meio.

 

É isso que o diferencia

dos outros pássaros: ser duro.

Habita cada momento

que existe dentro do cubo.

 

Ao pássaro preso se nega

a condição acabado.

Não é um pássaro que voa:

É um pássaro incubado.

 

Falta a ele: não espaços

nem horizontes nem casas:

Sobra-lhe uma roupa enjeitada

que lhe decepa as asas.

 

O pássaro preso é um pássaro

recortado em seu domínio:

Não é dono de onde mora,

nem mora onde é inquilino.

Perfil

Cacaso (Antônio Carlos de Brito) nasceu no dia 13 de março de 1944 em Uberaba-MG e morreu em 27 de dezembro de 1987 no Rio de Janeiro. Em 1955, transferiu-se com a família para o litoral fluminense. No período de 1964 a 1969, cursou Filosofia na UFRJ. Entre 1965 e 1975, lecionou Teoria Literária na PUC-RJ. A partir de 1968, colaborou com os jornais Opinião e Movimento, escrevendo ensaios sobre poesia e refletindo sobre os problemas de sua contemporaneidade. Participou do movimento estudantil contra a ditadura militar. Com Francisco Alvim, Roberto Schwarz, Chacal, entre outros, nos anos 1974 e 1975, fez parte dos grupos literários Frenesi e Vida de Artista, cuja característica marcante era o lançamento de poemas em revistas mimeografadas. A produção literária desses grupos ficou conhecida como Poesia Marginal ou Geração Mimeógrafo, importante movimento de contracultura que se opunha à repressão política e à censura cultural. Além de professor universitário, poeta, ensaísta, foi autor de letras de canções, tendo sido parceiro de Sueli Costa, Toquinho, Tom Jobim, Edu Lobo, Francis Hime, Nelson Ângelo, Novelli, Djavan, Toninho Horta, entre outros. Como poeta, escreveu os seguintes livros: A palavra cerzida (1967), Grupo escolar (1974), Beijo na boca (1975), Segunda classe (1975, em parceria com Luís Olavo Fontes), Na corda bamba (1978) e Mar de mineiro (1982). A ironia, o sarcasmo, o deboche e a coloquialidade são elementos que podem ser identificados em sua poesia, ao lado de forte influência de Manuel Bandeira. Em 2016, José Joaquim Salles e Ph Souza realizaram o documentário Cacaso na corda bamba, com duração de 88’, que explora aspectos multifacetados de sua trajetória artística.

Tag's: cacaso, contracultura, Geração Mimeógrafo, Minas Gerais, poesia, poesia brasileira, Poesia Marginal, Rio de Janeiro

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