Leonard Cohen morreu.
Essa notícia, para quem ama o compositor, é uma porrada no estômago.
Há quantos anos eu o acompanho com admiração? Comprei em Lisboa um livro de seus poemas de 1964, com sentido existencialista, ao qual retomo uma vez ou outra só para admirar os seus versos que são prosaicos; as suas letras porém têm camadas musicais e métricas finas.
Tudo bem, no caminho tem Bob Dylan. Os dois são grandes. Eu os amo, esses dois bardos de um mundo que eles interpretaram, um mundo confuso, triste e para o qual não parecer haver salvação, mas assim mesmo musical, segundo o estilo de cada um. Eu amo os dois sem exigir nada em troca. Toda vez que morre um poeta-músico, alguma coisa no mundo sai do lugar.
“Toda vez que morre um poeta-músico, alguma coisa no mundo sai do lugar”
Old Ideas é a sua ressurreição. Parece que sei de cor as letras de tanto ouvir esse CD. Um disco zen-idílico, um mantra às minhas noites, eu que o ouvia com os neurônios atolados em desencantamento. Depois de seu retorno, Popular Problems marcou o que seria o excesso e o condimento de sua alegria de compor. Em outubro, lançou You Want it Darker, um álbum que retoma as suas reflex?es metafísicas desde quando viveu a sua grande experiência budista.
“Em outubro, lançou You Want it Darker, um álbum que retoma as suas reflex?es metafísicas desde quando viveu a sua grande experiência budista”
Um disco lindo para uma despedida.
Assim, digo adeus então a Leonard Cohen, para sempre. Porém sei, com o sentimento da perda, que continuarei a ouvir como ouço agora, nos meus dias mais desconfortáveis, esse canadense que soube embalar muitas das minhas noites.
Confira a interpretação de Cohen para a belíssima Lullaby, do álbum Old Ideas, de 2012.