O cinema, o teatro, o balé, os musicais e a literatura exploraram amplamente a história do amor trágico dos adolescentes Romeu e Julieta, os amantes de Verona. Por mais que o tempo passe, a bela história de amor, escrita por William Shakespeare entre 1591/1595, permanece eterna e atemporal, despertando o interesse de pessoas de todas as idades.
Não à toa o público jovem tem respondido muito bem à peça E[cs]xtas[y]e – Uma História de Romeu e Julieta, adaptada e dirigida por Wellington Dias, que está em cartaz no Teatro Sesc Centro nesta segunda, terça e quarta-feiras (30 e 31/1 e 1º/2), às 20 horas. Formado por 14 jovens atores, o elenco subiu no palco outras dez vezes. Ao término da temporada, segundo o diretor, o grupo iniciará projeto escola.
E[cs]xtas]y]e exigiu esforço concentrado da direção, da equipe de produção e dos atores, a maioria sem muita experiência de palco. Exigiu ainda a captação de recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, porque sem patrocínio é impossível fazer qualquer produção teatral. Foram meses de leituras e ensaios, sob o comando do assistente de direção e preparador de atores Edson de Oliveira. A extensa ficha técnica inclui coreógrafos, programadores visual e musical, cenógrafo, figurinistas e outros profissionais importantes para o desenrolar da produção.
A adaptação de Wellington Dias da história de amor de Romeu e Julieta, proibido por causa da rivalidade entre suas famílias, é êxtase em estado puro, que mexe com a sensibilidade e exalta sentimentos. Como aquela “bolinha” que potencializa a euforia e torna as pessoas quase insanas. Apesar do clima de tragédia, o ritmo é de rock. Romeu e Julieta são moderninhos, se comportam e se vestem como qualquer jovem do século 21. Estão superapaixonados. Os três casais escolhidos para viver Romeu e Julieta em sistema de revezamento até se esforçam para expressar todo o sentimento amoroso dos adolescentes. Alguns até chegam a convencer no papel, outros nem tanto. Mas o que realmente chama a atenção é o espetáculo em seu todo.
Funcionário do Sesc Goiás em tempo integral, Wellington Dias dedicou as horas vagas para fazer a produção, há muito tempo nos seus planos. Na montagem, optou por manter a essência do texto shakespeariano, porém modernizou a linguagem do clássico, originalmente escrito em versos.
A cena roqueira está no figurino de Layon Berigo e Raquel Gabriela, composto de calças jeans, jaquetas, botas, acessórios de couro, tênis, tatuagens. Na trilha musical, sucessos de ícones do rock como Queen, Pink Floyd, Rihanna, Pitty, Nando Reis, e também músicas de Ana Carolina e Chico Buarque, selecionados por Adriana Lemes e Paula Bernardes, que assinam os arranjos, tocam teclados e percussão. Figura excêntrica do rock, Ingrid Lobo toca guitarra.
Despojado, o cenário é composto por três plataformas sobrepostas que remetem ao castelo onde vivem os personagens. Para a famosa cena do balcão, o diretor optou pelo mezanino do próprio teatro. Os atores cantam, dançam, duelam com espadas, se movimentam intensamente no palco. As coreografias foram preparadas por Joisy Amorim e Vanderlei Roncato, do Grupo Giro8 de Dança.
Elementos da cena contemporânea, a agilidade das cenas e a linguagem moderna tiraram um pouco da comoção que a tragédia de amor suscita na plateia. Mas nem por isso o espetáculo se torna menos interessante. Se Wellington Dias queria levar o público jovem a conhecer e se emocionar com a obra-prima clássica e universal de Shakespeare, seu objetivo foi alcançado.
Espetáculo: E[cs]xtas[y]e – Uma História de Romeu e Julieta
Texto: William Shakespeare
Adaptação e direção: Wellington Dias
Dias: 30 e 31/1 (segunda e terça) e 1º/2 (quarta)
Horário: 20 horas
Local: Teatro Sesc Centro – Rua 19, Centro
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Estudantes, idosos acima de 60 anos e comerciários pagam meia-entrada