• Sobre Ermira
  • Colunas
    • Aboios
    • Arlequim
    • Arranca-toco
    • Chapadão
    • Chispas
    • Dedo de prosa
    • Errâncias
    • Especial
    • Espirais
    • Florações
    • Margem
    • Maria faz angu
    • Matutações
    • Miradas
    • Mulherzinhas
    • No Goiás
    • NoNaDa
    • Pomar
    • Rupestre
    • Tabelinha
    • Terra do sol
    • Veredas
  • Contribua
  • Colunistas
  • Contato
  • Instagram
  • Facebook
  • YouTube
  • Twitter

ERMIRA

  • Instagram
  • Facebook
  • YouTube
  • Twitter
  • Sobre Ermira
  • Colunas
    • Aboios
    • Arlequim
    • Arranca-toco
    • Chapadão
    • Chispas
    • Dedo de prosa
    • Errâncias
    • Especial
    • Espirais
    • Florações
    • Margem
    • Maria faz angu
    • Matutações
    • Miradas
    • Mulherzinhas
    • No Goiás
    • NoNaDa
    • Pomar
    • Rupestre
    • Tabelinha
    • Terra do sol
    • Veredas
  • Contribua
  • Colunistas
  • Contato
Ilustração: Rafaela Gonçalves, 2022
Ilustração: Rafaela Gonçalves, 2022
Ilustração: Rafaela Gonçalves, 2022

André Carone em Matutações Professor de Filosofia da Unifesp | Publicado em 19 de março de 2022

André Carone
Professor de Filosofia da Unifesp
19/03/2022 em Matutações

  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no Google +
  • Compartilhar no WhatsApp
← Voltar

Matutando ensaios, traduzindo poemas

A terceira edição do Projeto Ensaios, projeto cuja finalidade é colocar em diálogo a produção filosófica acadêmica com a opinião pública por meio da publicação de ensaios ilustrados, chega ao fim com algumas novidades. Acolhido desde 2020 por Ermira Cultura na coluna Matutações, a cada fim/início de semestre o projeto publica ensaios filosóficos produzidos, na sua maior parte, por jovens estudantes de graduação. Naturalmente ampliado, o projeto passou a publicar ensaios filosóficos de estudantes de pós-graduação e chega à sua terceira edição publicando agora também ensaios de pesquisadores doutores.

Além da ampliação de autores, Ensaios ampliou também seu formato. A presente edição será fechada com a tradução, assinada por André Carone, de sete pequenos poemas, cada um de autoria específica, com temas diversos.

Por que afinal não “matutar” ensaios, traduzindo poemas?

Weiny César Freitas Pinto (coordenador do Projeto Ensaios)


Os amantes, outra vez

J.W. Goethe (1749-1832), dramaturgo, romancista, pensador e ensaísta, foi um dos principais nomes da cultura e da literatura da língua alemã

Por que volto ao papel uma vez mais?

Essa pergunta, amada, não precisas fazer.

É verdade, nada tenho para dizer

Mas tua bela mão tem meus sinais.


Como não posso partir, o que ele traz

Meu coração inteiro irá carregar:

Um querer, ansiar, sofrer, encantar

Que não começa nem finda jamais.


Não quero falar do meu dia

Do desejo, sonho e fantasia

Que transportam meu coração repleto:


Em frente a ti por fim eu estaria,

Sem nada a dizer. O que eu diria?

O meu viver estaria completo.

***

Die Liebende abermals

Johann Wolfgang von Goethe

Warum ich wieder zum Papier mich wende?

Das mußt du, Liebster, so bestimmt nicht fragen:

Denn eigentlich hab ich dir nichts zu sagen;

Doch kommts zuletzt in deine lieben Hände.


Weil ich nicht kommen kann, soll, was ich sende,

Mein ungeteiltes Herz hinübertragen

Mit Wonnen, Hoffnungen, Entzücken, Plagen:

Das alles hat nicht Anfang, hat nicht Ende.


Ich mag vom heutgen Tag dir nichts vertrauen,

Wie sich im Sinnen, Wünschen, Wähnen, Wollen

Mein treues Herz zu dir hinüberwendet.


So stand ich einst vor dir, dich anzuschauen,

Und sagte nichts. Was hätt ich sagen sollen?

Mein ganzes Wesen war in sich vollendet.

************


Quando números e figuras

Novalis, pseudônimo de Georg Philipp Friedrich von Hardenberg (1772-1801), poeta e filósofo do Romantismo Alemão

Quando números e figuras

Não mais decifrarem as criaturas,

Quando a voz e a afeição

Mais souberem do que a erudição,

Quando o mundo sem correntes

Regressar à vida presente,

Quando outra vez o claro e o escuro

Irmanarem-se no brilho puro,

E a poesia e as cantigas

Estamparem as histórias antigas,

Da palavra secreta irá se abrir

Todo o avesso do existir.

***


Wenn nicht mehr Zahlen und Figuren

Novalis

Wenn nicht mehr Zahlen und Figuren

Sind Schlüssel aller Kreaturen

Wenn die, so singen oder küssen,

Mehr als die Tiefgelehrten wissen,

Wenn sich die Welt ins freie Leben

Und in die Welt wird zurück begeben,

Wenn dann sich wieder Licht und Schatten

Zu echter Klarheit werden gatten,

Und man in Märchen und Gedichten

Erkennt die wahren Weltgeschichten,

Dann fliegt vor einem geheimen Wort

Das ganze verkehrte Wesen fort

***********


Balada da vida exterior

Hugo von Hofmannsthal (1874-1929), poeta, dramaturgo e ensaísta nascido no Império Austro-Húngaro

E nas crianças cresce o olhar fundo

Que nada sabe, cresce para morrer,

E os homens seguem pelo mundo.


E a fruta amarga que ganhou sabor,

Queda no escuro como pássaro que desfalece

E repousa no dia até perder sua cor.


E outro vento sopra e desvanece,

E continuamos a ouvir e a falar,

E sentimos prazer e fadiga no corpo que fenece.


E ruas cortam os gramados, e um lugar

Surge aqui ou ali com archotes, lagos, recantos

Soturnos, desertos mortos e sem ar…


São construídos para quê? E quantos

um dia foram iguais? Pode-se contar?

O que move os risos, os assombros, os prantos?


De que nos serve esse brincar

De sermos grandiosos e sós,

Errantes que não buscam o seu findar?


De que serve tudo o que se viu?

E quem falasse “noite” muito diria,

Uma palavra que escorre melancolia

Como o mel espesso de um favo vazio.

***


Ballade des äußeren Lebens

Hugo von Hofmannsthal

Und Kinder wachsen auf mit tiefen Augen,

die von nichts wissen, wachsen auf und sterben,

und alle Menschen gehen ihre Wege.


Und süße Früchte werden aus den herben

und fallen nachts wie tote Vögel nieder

und liegen wenig Tage und verderben.


Und immer weht der Wind, und immer wieder

vernehmen wir und reden viele Worte

und spüren Lust und Müdigkeit der Glieder.


Und Straßen laufen durch das Gras, und Orte

sind da und dort, voll Fackeln, Bäumen, Teichen,

und drohende, und totenhaft verdorrte…


Wozu sind diese aufgebaut? Und gleichen

einander nie? Und sind unzählig viele?

Was wechselt Lachen, Weinen und Erbleichen?


Was frommt das alles uns und diese Spiele,

die wir doch groß und ewig einsam sind

und wandernd nimmer suchen irgend Ziele?


Was frommt’s, dergleichen viel gesehen haben?

Und dennoch sagt der viel, der „Abend“ sagt,

ein Wort, daraus Tiefsinn und Trauer rinnt

wie schwerer Honig aus den hohlen Waben.

************


A palavra dos homens me causa espanto

Rainer Maria von Rilke (1875-1926), nascido na cidade de Praga à época do Império Austro-Húngaro. Poeta e prosador de língua alemã

A palavra dos homens me causa espanto.

Eles dizem tudo com tanta precisão:

Isso se chama casa, aquilo se chama cão,

começa aqui e termina no outro canto.


E me assombra o seu tino, o dom da ironia,

eles sabem o que foi e ainda será;

a paisagem não os encantará;

deixam Deus entre dança e dia.


Afastem-se: é o meu sinal e aviso forte.

De uma coisa quero apenas a melodia.

Vocês a apalpam, ela está muda e fria.

Vocês levam as coisas à morte.

***


Ich fürchte mich so vor der Menschen Wort

Rainer Maria Rilke

Ich fürchte mich so vor der Menschen Wort.

Sie sprechen alles so deutlich aus.

Und dieses heißt Hund und jenes heißt Haus,

und hier ist der Beginn und das Ende ist dort.


Mich bangt auch ihr Sinn, ihr Spiel mit dem Spott,

sie wissen alles, was wird und war;

kein Berg ist ihnen mehr wunderbar;

ihr Garten und Gut grenzt grade an Gott.


Ich will immer warnen und wehren: Bleibt fern.

Die Dinge singen hör ich so gern.

Ihr rührt sie an: sie sind starr und stumm.

Ihr bringt mir alle die Dinge um.

************


Vocês que assistiam

Nelly Sachs (1891-1970) foi escritora e poetisa alemã de origem judaica

Debaixo de seus olhos aconteceram assassinatos.

Como o olhar que cada um sente pelas costas

Vocês também sentiram no corpo

O olhar dos mortos.


Quantos olhos estilhaçados irão vê-los

Enquanto arrancam de seus esconderijos uma violeta?

Quantos braços erguidos em agonia

Nos ramos trançados pelo martírio

Dos carvalhos antigos?

Quanta memória brota no sangue

do poente?


Ah, os acalantos sem voz

No rufo noturno das pombas –

Se algum deles pudesse descer com as estrelas,

Mas agora quem as traz é velho poço!


Vocês que assistiam

E não ergueram a mão para o crime

Mas não varreram o pó da sua

tristeza

E que ali permanecem, onde o pó converteu-se

em luz.

***


Ihr Zuschauenden

Nelly Sachs

Unter deren Blicken getötet wurde.

Wie man auch einen Blick im Rücken fühlt,

So fühlt ihr an eurem Leibe

Die Blicke der Toten.


Wieviel brechende Augen werden euch ansehn

Wenn ihr aus den Verstecken ein Veilchen pflückt?

Wieviel flehend erhobene Hände

In dem märtyrerhaft geschlungenen Gezweige

Der alten Eichen?

Wieviel Erinnerung wächst im Blute

Der Abendsonne?


O die ungesungenen Wiegenlieder

In der Turteltaube Nachtruf –

Manch einer hätte Sterne herunterholen können,

Nun muss es der alte Brunnen für ihn tun!


Ihr Zuschauenden,

Die ihr keine Mörderhand erhobt,

Aber die ihr den Staub nicht von eurer Sehnsucht

Schütteltet,

Die ihr stehenbliebt, dort, wo er zu Licht

Verwandelt wird.

************


Precisão

Erich Kästner (1899- 974), escritor, poeta, jornalista e roteirista alemão

Quem tem algo a dizer

sabe o tempo que gasta

e não precisa correr:

Uma linha já basta.

***


Präzision

Erich Kästner

Wer was zu sagen hat,

hat keine Eile.

Er lässt sich Zeit und sagt’s

in einer Zeile.

************

Mensagem

Ingeborg Bachmann (1926-1973), escritora, tradutora, dramaturga e poetisa austríaca

Dos vestíbulos do céu, que trazem o calor dos cadáveres, aparece o sol.

Não estão ali os imortais

e sim aqueles que tombaram: é o que escutamos.


E a claridade não atenta para a putrefação. Nossa divindade,

a história, nos preparou uma cova

para a qual não existe a ressurreição.

***


Botschaft

Ingeborg Bachmann

Aus der leichenwarmen Vorhalle des Himmels tritt die Sonne.

Es sind dort nicht die Unsterblichen,

sondern die Gefallenen, vernehmen wir.


Und Glanz kehrt sich nicht an Verwesung. Unsere Gottheit,

die Geschichte, hat uns ein Grab bestellt,

aus dem es keine Auferstehung gibt.

Confira os dez artigos publicados nesta terceira edição do Projeto Ensaios:

  1. Sobre a subjetividade contemporânea: uma perspectiva do romance e da filosofia, de Jonathan Postaue Marques e Vítor Hugo dos Reis Costa, disponível em http://ermiracultura.com.br/2022/01/08/sobre-a-subjetividade-contemporanea-uma-perspectiva-do-romance-e-da-filosofia/.
  2. Por uma introdução crítica e bem informada à obra de Freud, de Caio Padovan e Weiny César Freitas Pinto, disponível em http://ermiracultura.com.br/2022/01/15/por-uma-introducao-critica-e-bem-informada-a-obra-de-freud/.
  3. O tempo do desejo, de Vítor H. R. Costa, disponível em http://ermiracultura.com.br/2022/01/22/o-tempo-do-desejo/.
  4. A clínica analítico-comportamental é espaço para produção de conhecimento científico?, de Vanessa Borri e Weiny César Freitas Pinto, disponível em http://ermiracultura.com.br/2022/01/29/a-clinica-analitico-comportamental-e-espaco-para-producao-de-conhecimento-cientifico/.
  5. A arte, mãe do conhecer, de Davi Molina e Vítor Hugo dos Reis Costa, disponível em http://ermiracultura.com.br/2022/02/05/a-arte-mae-do-conhecer/.
  6. As “humanidades” como fonte de resistência aos regimes autoritários, de Paula Mariana Rech, disponível em http://ermiracultura.com.br/2022/02/12/as-humanidades-como-fonte-de-resistencia-aos-regimes-autoritarios/.
  7. A “leveza” da violência, de Valdinei Ferreira Nunes e Vítor Hugo dos Reis Costa, disponível em http://ermiracultura.com.br/2022/02/19/a-leveza-da-violencia/.
  8. Freud e a filosofia: sobre o tema da morte, de Maria Eduarda Rodrigues da Silva e Paula Mariana Rech, disponível em http://ermiracultura.com.br/2022/02/26/freud-e-a-filosofia-sobre-o-tema-da-morte/.
  9. Alegoria de um relacionamento: a filosofia, as ciências (humanas) e a matemática, de Allison Vicente Xavier Gonzales e Weiny César Freitas Pinto, disponível em http://ermiracultura.com.br/2022/03/05/alegoria-de-um-relacionamento-a-filosofia-as-ciencias-humanas-e-as-matematicas/.
  10. Pensar Freud, de Weiny César Freitas Pinto, disponível em http://ermiracultura.com.br/2022/03/12/pensar-freud/.

 

Tag's: literatura, literatura alemã, poesia, poesia alemã, tradução

  • O passante e o herói

    por Luís Araujo Pereira em Espirais

  • Um sonhador

    por Rosângela Chaves em Miradas

  • O cérebro de Einstein era um tipo de Sol

    por Gilberto G. Pereira em Matutações

  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no Google +
  • Compartilhar no WhatsApp

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

Deixe um comentário (cancelar resposta)

O seu endereço de e-mail não será publicado. Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

ERMIRA
  • Instagram
  • Facebook
  • YouTube
  • Twitter