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Foto: Divulgação
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Luís Araujo Pereira em Florações Professor e escritor | Publicado em 8 de junho de 2022

Luís Araujo Pereira
Professor e escritor
08/06/2022 em Florações

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Cinco poemas de Alda Alexandre

[Curadoria de Luís Araujo Pereira]

[1]

me sinto como uma moradora…

me sinto como uma moradora daquele  hotel do conto

onde os velhos foram surpreendidos um dia

pela chegada de um intruso jovem e atlético

e enraivecidos por terem sido perturbados

no seu eterno esquecimento

lhe deram goiabada envenenada

penso em mim como uma velha senhora

que renega o impulso de irromper na vida

com a boca seca desembarcando em estranhas estações

por enquanto continuo mezzo a mezzo… mezzo poeta mezzo contista

pretensa roteirista, gateira por inteiro, gorda e neurastênica

um combo de intenções

Assimetrias ordinárias (2022)

• • •


[2]

tendo tempo, mal leio e pior escrevo ainda…

tendo tempo, mal leio e pior escrevo ainda, mas faço minha lista de

tarefas inacabadas e respiro, quando lembro respiro fundo, procurando na

memória como é que se deseja… outras vezes, sem sair do lugar, corro

léguas, me acovardo, e me ocupo de pequenas demandas enquanto

invejo aqueles que se doam pro seu tormento, produzindo, sem saber,

poesia, pois tanto quanto a impossibilidade me incendeia,

meu desejo cancelado brilha

Assimetrias ordinárias (2022)

• • •


[3]

as patas do gato se cruzam…

as patas do gato se cruzam sobre o livro que eu pouco abri

e eu mal tenho ânimo pra acender a luminária

mas alcanço o frasco de álcool gel e derramo nas mãos

um possível inverno de trópicos chega por aqui

com sol durante o dia

eu queria só poder tocar na nuca desse incerto presente

esperançosa como a menina que numa live do instagram

pinta os dois olhos assimetricamente

Assimetrias ordinárias (2022)

• • •


[4]

mundo não precisa dos meus filhos…

mundo não precisa dos meus filhos e eu mesma um dia deixei de

precisar, liberando-os da minha salvação… antes eu andava pela vida com

meu útero bicorno, retrovertido e caprichoso, prenha de expectativas

sangrava 40 dias até ser curetada num ambulatório frio


isso antes


me disseram que eu era uma árvore seca

mas dou estranhos frutos

filhos não são frutos

salvação?

deus me defenda

Assimetrias ordinárias (2022)

• • •


[5]

depois de décadas minha vida ainda…

depois de décadas minha vida ainda é só um corpo e o tempo agora,

concomitantemente a enganos cultivados dores guardadas em caixinhas

imaginárias de estanho, culposas lembranças, lapsos de lucidez no delírio

do desfoque. ah, masco lápis enquanto projeto recomeços cíclicos. os

dias são feitos de muitos pomodoros e pequenos atos. enquanto lavo a

louça medito em por que se homenageiam genocidas com monumentos

e avenidas e questiono como nunca mais escrevi. mas tomo água, tenho

caminhado até dei match no spotify, regulando as taxas em pleno

apocalipse como qualquer pessoa normal que pagou pro cabelo ficar mais

sem graça do que já estava. um jeito deslizante de não pensar que por

alguma razão tive a sorte de permanecer e continuar. aí me vem uma

palavra que li num romance: escorregável.

Assimetrias ordinárias (2022)

Perfil

Alda Alexandre nasceu em Goiânia no dia 2 de agosto de 1967, cidade onde sempre viveu.  É graduada em Letras-Português pela UFG, especialista em Cinema e Educação pela UEG e mestre em Arte e Cultura Visual pela UFG. Atuou como professora do ensino fundamental na rede municipal de ensino de Goiânia durante 25 anos. Poeta e colagista, começou a se autopublicar em suas próprias zines. Contribuiu com as antologias poéticas Sobre gostar menos, v. 2,  Tec tec tec tec tic tac, v. 3, e com a antologia de contos e crônicas, Uma santa e dois amantes, v. 3, todas da Coleção e/ou, no selo Naduk, editadas pela Nega Lilu Editora. Participou ainda da Antologia Clandestina II – Escritos de Goiás (Editora Clandestina, 2021). É coeditora da revista lítero-artística Tem base?!, um veículo de difusão de literatura e outras artes produzidas em Goiás. Integra o Rebellium Coletiva, de que é cofundadora, formado por mulheres artistas oriundas da cultura visual. Dirige o Ateliê Rebellium Coletiva, espaço de criação e produção de arte. Publicou, no início de 2022, pelo selo Rebellium Coletiva, o livro de poemas Assimetrias ordinárias.

Leia resenha sobre o livro Assimetrias ordinárias, de autoria de Patrícia Ferreira (Patworkpat), na coluna Veredas, em http://ermiracultura.com.br/2022/06/08/assimetrias-ordinarias-uma-poetica-das-sutilezas/.

Tag's: Alda Alexandre, Assimetrias ordinárias, poesia, poesia goiana

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Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

1 comentários em “Cinco poemas de Alda Alexandre”

  1. Lisa França disse:
    9 de junho de 2022 às 15:06

    Gostei demais de conhecer Alda Alexandre. Vou correr atrás.

    Responder

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